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No plano existencial, que inclui o material e o
espiritual, acredito que tudo começa de dentro para
fora. Acredito que, se conseguirmos acessar o nosso
interior, viveremos transformações muito positivas e
muito significativas nas nossas vidas. Este é o
motivo que me faz defender que, por meio da
respiração, devemos buscar a calmaria, esvaziando a
mente para que, dentro de um processo, possamos
atingir a meditação.
Um dos grandes
problemas que carregamos é a falta de paciência que
temos conosco - falta de autopaciência. Não
respeitamos o fato de que precisamos de tempo para
nós mesmos, de forma que os nossos processos
internos sejam concluídos, dentro nosso próprio
tempo, um tempo personalíssimo.
O mais
irônico é que sempre aconselhamos as pessoas a
esperarem. Por vezes, queremos ensiná-las a saberem
esperar, afirmando que tudo tem seu tempo e que,
portanto, precisam ser pacientes. Mas, quando
tratamos de nós mesmos, não fazemos nada disso. É o
famoso "faça o que eu falo, mas não faça o que eu
faço". Com todo respeito, mas aconselhar e não
praticar o que se fala, não soa como verdade para
ninguém. Por isso, a maioria dos conselhos entram
por um ouvido e sai pelo outro.
Isso ocorre,
porque não nos acessamos, não prestamos atenção em
nós mesmos e não nos conhecemos. Vivemos em estágio
mental e não de consciência. Um exemplo que cabe
muito bem para demonstrar como vivemos em estágio
mental, é o velho ditado: "Você é fruto do meio em
que vive". Se estamos em estado de consciência,
seremos fruto do que realmente somos e queremos ser,
e não do que o externo nos apresenta e determina.
Defino a autopaciência como poder que temos
de nos gerenciar emocionalmente em ralação ao nosso
próprio tempo existencial. Inevitavelmente, isso
requer pragmatismo, perseverança, muita atenção e
controle dos nossos pensamentos, atos e palavras.
Significa que não devemos gastar nosso tempo
tentando controlar os outros, mas sim a nós mesmos.
Além disso, este processo de gerenciamento pode
levar uma vida inteira e, muitas vezes, pode ser bem
sucedido em determinadas áreas e em outras não. Mas,
devemos ter paciência para ir em busca da
totalidade.
A questão é que, quando
escolhemos este caminho, inevitavelmente, teremos
boas respostas. E essas boas respostas servem para
nos estimular a continuarmos a nossa caminhada.
Grande parte dos leitores deste texto afirmará para
si que tudo isso é besteira, que está fora da
realidade. Eu sei disso! Afinal não temos
autopaciência e sempre vamos encontrar uma desculpa
com base no mundo externo.
Quando ouço das
pacientes que elas tiveram a sensação de
esvaziamento da mente, de um relaxamento total, de
não estarem ali, de que a sensação foi a de como se
tivessem saído dos seus corpos eu posso afirmar que
elas nunca estiveram mais presentes do que naquele
momento. Na verdade, a partir do momento que elas se
dedicaram ao processo respiratório e decidiram ter
calmaria em busca da meditação, passaram a se
permitir, trazendo para si suas próprias
consciências.
O estado de consciência eu
trato como normal. A mente eu trato anormal, pois
ela reflete para nós o caos externo de todos os dias
por nós absorvidos, não permitindo que tenhamos
nossa autopaciência. Vivemos pressionados, sem
espaço, imprensados, ansiosos, angustiados e
infelizes.
Ter autopaciência não custa
dinheiro. Ela está dentro de nós, disponível, desde
que saibamos nos respeitar. Desperte sua
autopaciência. Assim, você conseguirá concluir
aquilo que se propôs a fazer. Você se sentirá
melhor! Você se sentirá uma vencedora. Você passará
a ter sabedoria, que é o que todos buscam, mas
poucas conseguem.
A consciência permite que
nos sintamos melhor. Permite ser quem realmente
somos. Passamos a nos amar mais. Seja paciente com
você mesma e entenda que tudo faz parte de um
processo. Aliás, somos tão processuais que até para
entrar em processos, precisamos de um processo.
Não mergulhe de cabeça. Vá com calma e não fique se
cobrando tanto. Se você conseguir isso no seu
interior, certamente sua relação com o exterior
melhorará ainda mais.
A autopaciência é uma
habilidade que todos têm, mas que pouquíssimas
pessoas aproveitam. Um detalhe muito importante:
se você não busca sua autopaciência, fatalmente não
terá paciência com mais ninguém. Você pode achar que
tem; pode, por algum tempo, transparecer que tem.
Mas, uma hora aquilo que está dentro de você vem à
tona. Tudo começa de dentro para fora.
Na
home do meu site tem um exercício para calmaria e
auto-observação que pode ajudar muito.
Por Marcelo

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