Não delegue a ninguém o que diz respeito à sua existência

 
       
 

Uma mulher, que achou meu site e leu meus textos, entrou em contato comigo para conversar, desesperada, perdida, se sentindo só é abandonada, porque uma pessoa que guiava sua espiritualidade se afastou dela, pois, segundo ela, ele não estava conseguindo fazer sua vida ir para frente.

Ela disse ter feito mais de 10 preceitos espirituais nos últimos 2 anos, todos pedidos pelo guia, além ter gastado uma verdadeira fortuna. A vida dele só piorar, inclusive com ela entrando em uma espiral de depressão.

Segundo ela, o guia da sua espiritualidade, simplesmente, deixou de atendê-la ao telefone, a bloqueou no WhatsApp e não a atendeu nas vezes que ela tentou ir a até ele presencialmente.
Bem, para tornar curta uma história longa, essa mulher fez deste homem seu guru, uma espécie de santidade e entregou sua vida a ele, criando uma dependência emocional e espiritual muito forte e muito sedimentada.

Ela disse que leu alguns textos meus sobre espiritualidade, sobre a unidade que somos e que encontrou nas minhas palavras seus erros.

Mencionei, antes de tudo, que ela não deveria ter isso como um erro, mas sim como uma experiência de vida, porque, ir em busca da espiritualidade, não é algo tão simples, vez que envolve muitos fatores, principalmente aqueles que todos conhecemos, inerentes aos seres humanos e suas respectivas falhas, faltas e déficits, dos mais variados, os quais prefiro não elencar aqui.

O fato é que essa mulher delegou algo de sua vida a outra pessoa; algo da sua existência, para que alguém tomasse a frente, quando ela deveria assumir a dianteira de tudo que a ela diz respeito. Ela entregou o que não poderia a ele.

Quem acompanha meus textos sabe que sou totalmente contrário a delegar qualquer aspecto da nossa vida a quem quer que seja. Nós temos que depender de nós mesmos, pois é isso que nos torna de fato independentes e capazes de voar com as nossas próprias asas. Do prazer à espiritualidade, do material do imaterial, temos que cuidar do que nos pertence. Vejo isso como um dever nosso.

O que podemos buscar é orientação, o que é bem diferente de delegar algo a alguém. Buscar orientação e encontrar coerência mínima nas informações que estamos recebendo. Não se trata de uma matemática, mas sim de sentir de fato que aquela orientação nos serve realmente.

Para que isso seja possível, a vida nos deu racional e o emocional e, nesse sentido, na hora de ponderar sobre as orientações, devemos sempre estar com essa dois elementos na balança para sentirmos e fazermos nossas melhores escolhas.

Ainda sobre as escolhas que vamos fazer, seja em qualquer campo da vida que afete nossa existência, precisamos fazer isso com calma, de forma altamente reflexiva, usando razão e emoção, buscando, repito, coerência interna. Precisamos ouvir, porém não podemos renunciar a sentir.
Para quem tem o Tantra como filosofia de vida, há o claro entendimento de que somos Deusas é Deuses e que corre em nós uma energia divina muito forte e intensa. Por isso, devemos sentir o que nos diz nosso interior, a energia divina em nós. Ela fala, acreditem! Mas ela fala quando estamos em calmaria, prontos para ouvi-la. Ela fala suavemente e só quem está realmente calmo conseguirá perceber suas mensagens. Falei de entrar em calmaria, auto-observação e meditação para ela.

Vejo muitas questões em guias espirituais que não gosto. Principalmente, quando dizem que algo é assim, porque simplesmente é assim e que, caso não consigamos acreditar, somos seres sem fé. Isso é um absurdo, na minha opinião.

Não dá para sair por aí fazendo o que nos sugerem, induzem ou determinam. Não podemos ser omissos com a nossa existência.

Sempre repito que, se a existência é nossa, também é nossa a responsabilidade pelos nossos caminhos. Até porque, no fim, ninguém será capaz de sentir as nossas tristezas e alegrias. Ninguém tem essa capacidade, por mais amiga que seja a pessoa; por mais que nos ame.

Não vou criar opiniões sobre o caso concreto que ela me trouxe, até porque, toda história tem, no mínimo, dois lados, e não ouvi e nem quero ouvir o dele, porque não quero me envolver nisso. Por isso, não cabe aqui dizer quem está certo ou errado.

Seja como for, compartilhei meu entendimento com ela. Percebi que, pelo menos, ela deu uma boa aclamada, o que já é excelente, considerando o estado que ela estava. Se realmente levará em conta o que falei? Só ela para responder. Espero que ela reflita também a meu respeito e que não saia tomando o que falei como sua verdade.

Por fim afirmo que o ato de não delegar sua existência a alguém, não se trata de confiar ou não nas pessoas. Trata-se somente de responsabilidade e de tomar a dianteira de tudo que diga respeito à sua existência.

 

Por Marcelo