Uma vida sexual saudável começa por nós

 

Postado em 10 de julho de 2017

 

Tenho o hábito de conversar abertamente sobre sexo com as minhas pacientes e com muitas mulheres. Nessas conversas noto, independente da idade, da camada social, raça, cor e credo, a maioria relatando grandes insatisfações com as suas vidas sexuais. É óbvio que críticas aos homens sobram aos montes. Também é óbvio que sempre buscam encontrar culpados e que a maior parcela de mulheres insatisfeitas não faz autoanálises de seus comportamentos.

Aqui faço um parêntese: não gosto muito de utilizar a palavra culpa em questões existenciais, principalmente, quando o assunto envolve sexo, ou sexualidade. Já a palavra responsabilidade cai como uma luva.

 



Sei muito bem que nós homens precisamos melhorar e muito. Mas, a ajuda das mulheres se faz fundamental também. Falo, na verdade, de uma ajuda mútua por meio de diálogos abertos e muito sinceros. No fim, será constatado que ambos precisam melhorar e evoluir. Aliás, sempre precisarmos melhorar e evoluir. Nunca terá fim, até porque nossas percepções e gostos mudam consideravelmente com o tempo.

Opino que as pessoas falam excessivamente sobre sexo, mas pouco dialogam sobre ele. Tenho a impressão que as pessoas se bloqueiam no momento de dizer o que precisa ser dito. Então aqui vai, para mim, a primeira diferença: falar de sexo é uma coisa e, dialogar sobre sexo, é outra totalmente diferente. E nessa esteira, digo que falar sobre sexo vem sendo muito fácil. Já dialogar, é cada vez mais raro. Não é intrigante?

São tantas informações e regras despejadas nas nossas mentes todos os dias, que acabamos por nos julgarmos e julgar as pessoas experts em sexo, ou pelo menos exigimos que sejamos e que sejam assim. Mas, constato ao longo desses anos que o efeito é inverso.

Não sou contra as leituras e a busca de informações. Sou contra a absorção dessas informações como verdades. Em relação ao sexo, existe uma verdade apenas e ela está nos nossos interiores, em cada um de nós, nas nossas essências. A verdade está no amor, a começar pelo amor-próprio.

Eu afirmo, com segurança, que as informações sobre o sexo devem partir de dentro para fora. E não estamos fazendo isso. Tudo parte de um entendimento interno sobre nossas sexualidades.

Tento pensar de diversas formas, sob diversas óticas. Mas, a conclusão que chego sempre me remete ao ato de olharmos para dentro de nós, algo que deixamos de lado por comodidade. Olhar para o externo é mais simples, pois não exige decisão, dedicação e concentração. Não exige foco.

Todas as respostas sobre as nossas sexualidades e vidas sexuais felizes estão dentro de nós. Partem de nós. E é isso que as pessoas deveriam buscar.

É necessário começar a dialogar de verdade sobre sexo, parar de falar besteiras e de repetir igual papagaio o que as mídias, bancadas pelas indústrias da sensualidade e pornografia, falam para encher nossas mentes de baboseiras. É imperioso discutir sexualidade e sexo sob uma ótica de prazer, porém, com muita leveza e pureza.

Dialoguem com o coração e não com a cabeça. Abram seus corações, coloquem para fora seus sentimentos e não escolham palavras. Falem o que precisar ser falado. Não queiram ser melhores ou piores que ninguém. Sejam vocês! Sejam iguais! Sejam essências! Não esperem resultados desses diálogos. Não calculem nada! Apenas dialoguem e deixem tudo fluir.

Vidas sexuais felizes começam por cada um de nós. Sempre por nós. Nunca começa pela(o) outr(o). É isso que homens e mulheres precisam entender.

 

 

Por Prem Prabhu