Sobre a cultura do estupro

 

Postado em 21 de novembro de 2017

 

Não gosto do termo “Cultura do Estupro” e, mesmo que ele seja aplicado, que seja real, me preocupa muito mais o que vem antes dele. Trata-se de uma cultura muito mais perversa, para a qual dou o nome de “Cultura da Diminuição da Mulher”, muito bem enraizada na nossa sociedade, porquanto está fortemente presente nas nossas criações, nas escolas e também nas religiões. A “Cultura do Estupro” é apenas uma resultante da “Cultura da Diminuição da Mulher”.

 



Não, eu não nasci no Tantra e, muito menos, nasci terapeuta tântrico. Assim como a imensa maioria dos homens, um dia, até meus 25 anos completos, tratei as mulheres como algo inferior, necessárias aos meus melhores interesses e prazeres. Meu respeito tinha a medida certa do agrado. Na realidade, não era respeito, era uma jogada de conveniência para ver se eu “comia alguém”. Era a “arte do respeito”! Mas, jamais foi respeito! Respeito não é uma arte. É algo que parte de dentro, que depende de transformação de sentimentos, e não apenas de aprendizados externos. Entendo que a agressão contra a mulher tenha origem na falta de respeito. Uma resultante gigantesca de algo que nasce pequeno e se desenvolve em formato monstruoso. Todo desrespeito é desrespeito.

E engana-se quem acha que, mesmo entrando no universo do Tantra as coisas se transformaram de uma hora para outra dentro de mim. E mentiroso quem afirma isso! Levei, pelo menos, mais dois anos para transformar meu interior. Foi um processo complexo. Digo, com muita felicidade, que consegui. Sabe como? Trabalhando justamente o que os homens, de acordo com nossas criações, mais repudiam. Trabalhando meu lado feminino. Foi trabalhando meu o feminino que me tornei mais homem. Em nenhum momento meu lado feminino feriu meu lado masculino. Muito pelo contrário.

Enquanto os homens não conseguirem ver o feminino de forma respeitosa, verdadeira e honrosa dentro deles, jamais enxergarão o feminino para o externo. Jamais tratarão as mulheres como elas gostam de ser tratadas. O princípio feminino é a primeira referência do feminino que temos, a forma como vemos e buscamos também as mulheres e relacionamo-nos com elas no mundo, assim como, a maneira como expressamos o nosso lado feminino.

A verdade é que o Feminino habita em todos. O Masculino Sagrado necessita do Feminino para encontrar a paz, e assim, poder expressar-se de forma autêntica, sem ficar e viver na loucura de “acreditar” que sua única via de expressão é produzir, fazer, submeter, guerrear, conquistar poder, dominar e ser potente. O Masculino Sagrado é muito mais do que isso. O Sagrado Feminino é muito mais do que vemos por aí. Aliás, o que vemos e tudo que fomos ensinados, pouco tem do que de fato essas energias/forças são.

Querem saber? Cada homem que busque o seu caminho. Eu dei a sorte de encontrar o meu, por meio de uma pessoa, uma mulher maravilhosa, uma amiga da vida, que sempre esteve disposta a me ajudar na minha caminhada da vida, jamais restrita à filosofias.

O desrespeito jamais acabará, pois é inerente ao ser humano. Mas, ele pode diminuir. O fato de as mulheres não tolerarem mais tais situações é excelente e vai ajudar muito. Mas, enquanto no formos até a raiz do problema, nas crianças e nas suas criações, expurgando a “Cultura da Diminuição da Mulher”, ainda que estejam em livros sagrados, ainda que seja contra o que é pregado nas igrejas. Só assim conviveremos com a paz e em paz.

Tornar certas condutas tipos penais é muito bom também. Mas, quando uma conduta é típica, significa que alguma mulher sofreu. E não precisamos de pessoas sofrendo para outras se salvarem.

Quando colocarmos o feminino na criação dos homens, teremos o respeito natural e sagrado pelas mulheres. Mas, acredito que diante dessa nossa cultura escrota e machista, muitos falarão que estaremos criando gays e não homens.

A “Cultura do Estupro” deve ser combatida com a “CULTURA DA ELEVAÇÃO DA MULHER”. Aos homens eu digo: Preguem a “CULTURA DA ELEVAÇÃO DA MULHER” honrando suas próprias mães, em nome delas. Afinal de contas, todos nós temos, ou tivemos mães.

Aos politicamente corretos: aqui eu trato da maioria, e não das exceções que eu sei que existem.

Por Prem Prabhu