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Por conta da ansiedade, as pessoas estão
condicionadas a potencializarem seus problemas e,
consequentemente, a busca por soluções complexas
(ofertadas em abundância por aí), quando muitas
questões e problemas poderiam ser resolvidos com
simplicidade, a partir delas mesmas. Com efeito,
quando apresentadas às simplicidades, ficam com medo
e automaticamente desconfiam de quem defende que
seja desta forma.
Algumas, no fundo, têm medo
de compreender de fato as suas responsabilidades, no
sentido de que os processos de degradação que
viveram, foram vividos justamente pelo fato de não
compreendem seus relevantes papéis em tudo que
aconteceu, e que só aconteceu, porque elas não são
observadoras de si. Não compreendem que embarcaram
em viagens, de forma passiva, sem destino, e que
apenas dormiram, sem observarem e apreciarem nada,
tornando-se impossibilitadas de definir seus rumos.
Simplesmente, não aceitam o fato de que as
soluções sejam simples, porque, para elas, apenas é
inadmissível que sejam simples, mesmo que as
complexidades que acreditam não tenham fundamento
algum. É como perguntassem a si: Como pode ser
simples a solução de tudo que passei e estou
passando; minhas ansiedades, angústias, tristezas e
tensões? A resposta é simples: na realidade, em
muitos casos, a constatação de que não prestaram a
necessária atenção em si, machuca muito o Ego, vez
que ele não se cria em ambientes de segurança.
É muito relevante mencionar aqui as tais crenças
limitantes. A acreditar que questões e problemas só
podem ser resolvidos mediante formas ou fórmulas
complexas, eliminando a simplicidade, é uma crença
altamente limitante, pois, no fundo, alguém, em
algum momento, está desacreditando da sua própria
capacidade.
O interessante é que, quando se
conversa de forma racional e tranquila sobre as
simplicidades das soluções, principalmente com
pessoas que estão em estados de ansiedade, elas
encontram coerências e concordam, pois, se tornaram
momentaneamente calmas, mais observadoras e
reflexivas, ouvindo seus inteiros, controlando seus
Egos. Chegam a afirmar a certeza na simplicidade das
soluções.
Mas, como ser observadora de si é
um hábito que se cria a partir de um processo, pouco
tempo se passa, e as ansiedades retornam. Com
efeito, essas pessoas vão novamente se agarrar ao
mundo externo, voltando a acreditar que as
complexidades e dificuldades para as soluções dos
seus problemas são verdadeiras.
Assim,
continuam a buscar conversas com outras pessoas para
obterem opiniões que concordem com as delas (afinal,
não pode ser simples), de gente que também está
vinculada ao mundo externo para tudo, igualmente
ansiosas, ou ainda, algumas com interesses
financeiros nos problemas, dando uma banana para que
seus interiores lhes disseram quando permaneceram
momentaneamente calmas, observadoras e reflexivas.
Pessoas tomadas pela ansiedade, gostam que as
outras digam que tudo é difícil, satisfazendo suas
ânsias e Egos, porque isso traz alentos momentâneos.
Pessoas tomadas pela ansiedade sequer têm a dimensão
exata daquilo que estão passando, pois tudo ganha
enormes proporções neste estado.
Assim, como
os monstros se tornam (virtualmente) enormes, passam
a acreditar que não serão com pequenos "estilingues"
que irão abatê-los e que isso só pode ser feito com
armas complexas, muitas vezes caras e que não as
encontrarão com facilidade. Na realidade, buscam
canhões para matar passarinhos.
E é
justamente isso que faz com que elas rodem o mundo
numa busca que nunca termina, seja por terapias,
seja por religiões, dentre outras. É assim que elas
pensam, infelizmente. Os medos das soluções simples,
fazem com que as pessoas percam tempos preciosos das
suas vidas com sofrimentos e com buscas
intermináveis; fazem com que desprendam energias e
gastem até o que não têm para se livrar do que estão
passando.
E o mais interessante disso tudo é
que, após gastarem tudo que têm com métodos
complexos, quando o que fizeram não deu certo, os
responsáveis por “curá-las” dizem que elas têm que
mudar suas formas de pensar; que precisam ser
positivas.
Antes que critiquem o que estou
descrevendo aqui, posso fazer tais afirmações,
porque que já aconteceu comigo antes de conhecer o
Tantra e vejo acontecer com muitas mulheres e homens
(em menor quantidade pelo direcionamento que tenho)
que me procuram para conversar, depois somem e
tornam a me procurar. Não falo de uma ou dez vezes.
Falo de uma quantidade bem maior.
Não estou
falando que o Tantra vai resolver o problema de
ninguém, porque o Tantra não fará nada por ninguém,
pois é um meio. Em outras palavras, para tornar mais
simples o entendimento, o Tantra é um imenso leque
de ferramentas para que as pessoas as utilizem, e
não ao contrário. O Tantra é real, assim como são
reais as energias e as mentes das pessoas. Porém,
tudo isso é neutro. São as pessoas que irão se
elevar ou não por meio delas.
Um aspecto
importante: trata-se de decisão. Portanto, esse
blábláblá de que se trata de uma escolha, jogando
com as palavras, tentando criar diferenciações, não
cola. Para mim, não existe diferença entre escolha e
decisão. No campo existencial, quando você escolhe
um caminho e renuncia a outro, trata-se de decisão,
de uso de livre-arbítrio, independentemente de ser
boa, neutra ou ruim.
Não estou diminuindo a
importância das terapias convencionais ou
alternativas, digo que meu entendimento é de que
elas são apoios, importantíssimos apoios e em muitos
casos. Mas, entendo que a base de tudo será sempre
quem se propõe a passar pelos tratamentos
terapêuticos.
Por fim, sendo responsável, não
estou tratando aqui de doenças, porque não sou
profissional do ramo, em que pese acreditar que o
Tantra pode oferecer uma boa complementação para
determinados casos. Logo, não forneço diagnósticos e
respeito o meu quadrado, que é o Tantra. Quando
sinto que alguém precisa de apoio de especialistas,
inclusive estímulo que busquem. Mas, até
especialistas sofrem com esta questão do medo da
simplicidade.
A questão é que sim, acredito
que as respostas para a imensa maioria das pessoas
sejam simples, que já estão dentro de cada uma
delas, necessitando de estímulos para que sejam
despertadas.
Por Marcelo

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