O tantra, eu, você e o Ego

 


Postado em 07 de janeiro de 2019

 

 

 

 

O Tantra é para você!

Mas, Marcelo, sendo para mim, é possível compartilhá-lo com os outros? Claro que é!

Aliás, o Tantra é uma filosofia de vida cuja energia principal, O AMOR, precisa circular entre os seres. Mas, o compartilhamento não elimina o fato de que o Tantra é e sempre será exclusivamente para você e que, cada um que o tem como filosofia de vida, precisará ter esta compreensão.

 

 



Ora, se o Tantra é para cada um e cada um que o tem, de acordo com sua própria compreensão, é perceptível que estamos diante de uma filosofia complexa, principalmente, quando compartilhada. Isso nos remete à uma aceitação incrível sobre tudo. Aliás, o Tantra aceita tudo! O Tantra precisa aceitar tudo!

Aprender sobre o Tantra do ponto de vista técnico apenas não é suficiente, pois isso qualquer ser humano pode fazer. É óbvio que esta minha afirmação não elimina a importância do aprendizado formal por meio de cursos, literaturas, workshops, imersões, dentre outras formas. A questão é que, uma filosofia de vida não deve ser apenas aprendida. Ela precisa ser sentida, absorvida, para que se torne uma verdade dentro de cada pessoa e seja pragmática.

O desafio é trazer o Tantra para dentro de nós de forma limpa e cristalina. Este ponto não é lá muito fácil, pois há muitas contradições nele que precisarão ser desfeitas por nós mesmos e na medida exata para o que precisamos. E teremos que adquirir essa compreensão também em relação às pessoas. Se pararmos para avaliar, as contradições do Tantra acompanham as contradições dos seres humanos. Afinal de contas, o Tantra é muito humanizado.

É necessário que tenhamos uma compreensão da vida a partir de nós. E isso não é lá muito simples, pois passa por assumirmos responsabilidades diversas, sobre tudo que acontece conosco. Ou seja, o ponto em que nos encontramos é de nossa inteira responsabilidade. Assim como também será de nossa inteira responsabilidade nos movermos para outros pontos melhores, mais elevados, obviamente, de acordo com nossos aprendizados e compreensões adquiridas sobre a vida, a partir de nós mesmos. Esta parte está confusa? Pare, respira e reflita!

Não é fácil, por exemplo, uma pessoa te procurar nos limites máximos da ansiedade, da angústia e do sofrimento e você simplesmente virar para ela e dizer que a responsabilidade é dela, sem tom impositivo ou superior. É tudo que ela não quer ouvir. Pior ainda, é quando a procura se dá por problemas com relacionamentos amorosos, que as pessoas costumam trabalhar sob regimes de culpas (do outro), e você precisar falar que ela é também é responsável pelos problemas que estão passando.

Neste ponto aqui é importante um parêntese, porque, quando as pessoas estão olhando para os problemas das outras, elas enxergam muito bem as responsabilidades de cada uma. Mas, quando estão vivendo os seus, olhando por dentro, quase sempre a culpa é dos outros.

A questão é que, para que tenhamos condições mínimas de compreensão da vida a partir de nós, nessa caminhada que não tem fim, inevitavelmente, teremos que nos esbarrar e bater de frente com o que há de mais forte atuante nas nossas existências, ou seja, nossos Egos.

Basicamente teremos uma luta eterna contra o Ego. Isso, porque, a dura realidade sobre ele precisará ser encarada: o Ego é imortal. Enquanto estivermos vivos, ele estará em nós, e atuando fortemente. O Ego não é eliminável. O Ego é controlável e o controle é um exercício diário, nem sempre bem-sucedido.

Se, alguém que se diz do Tantra virar para você e afirmar que você precisa eliminar seu ego e, principalmente, se este alguém afirmar que conseguiu eliminar o próprio Ego, suspeite imediatamente, porque, quando um ser humano afirma que não tem mais Ego, pode acreditar que o Ego tomou conta dele por inteiro. O Ego tem muitas faces. Ele também tem a face de um monge, de uma figura calma e tranquila.

Existe muita hipocrisia quando o assunto é Ego. Vocês podem ler as centenas de textos que escrevi. Com certeza acharão neles traços do meu Ego. Aliás é o meu próprio Ego quem está admitindo isso agora (rsrs – rindo alto!!!). Experimente ler livros e textos diversos sobre o Tantra, que você encontrará traços dos Egos dos autores, alguns até muito fortes. Nada é mais hipócrita que o Ego. Nada é mais vivo e verdadeiro no ser humano do que seu Ego.

O controle do Ego passa por aceitar que ele faz parte da nossa existência. Não se controla o Ego sem plena consciência sobre ele. Não se controla minimamente o Ego achando que ele não faz parte de você.

Voltando ao início, o Tantra é para você e exclusivamente para você. Tal como respondeu Osho, quando perguntado sobre a discussão central do Tantra: “você é o assunto de discussão central do Tantra: o que você é agora e o que está escondido em você que pode crescer, o que você é e o que você pode se ser."
Realmente, o Tantra é para cada um de nós. Todavia, é necessário compartilhá-lo, até porque é assim que ele evoluirá e que nós, que temos ele como filosofia de vida, evoluiremos, somando para a evolução de tantas outras pessoas que desejem tê-lo da mesma forma. Então, devemos trazer em mente que não podemos compartilhá-lo com o nosso Ego à frente de quaisquer processos.

O Tantra é um aprendizado constante. E sim, inclusive podemos aprender muito sobre o Tantra; sobre como vamos conduzir a nossa caminhada; sobre nossas condutas; sobre sentimentos e amor, com quem não o tem como filosofia de vida. Este é o grande lance aliás, pois, quer queira, quer não, a esmagadora maioria das pessoas com as quais nos relacionaremos e teremos contato, certamente não tem o Tantra como filosofia de vida. Precisamos ter muito cuidado para que nossos Egos não tomem a dianteira.

Infelizmente, assim como muitas coisas estão banalizadas e contaminadas por Egos, com o Tantra a coisa não é diferente. Se você deseja mesmo ter o Tantra como filosofia de vida, entenda que ele é para você, mas que seu EU precisa expandir pata tocar seus semelhantes.

 

Por Prem Prabhu