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O assédio contra as mulheres é um problema que deve ser
tratado pela raiz
Postado em 12 de fevereiro de 2018
Os assédios dos homens sobre as mulheres são reprováveis,
precisam ser combatidos e repudiados pela sociedade e, nos
casos mais graves, criminalizados. Os assédios sempre
existiram, mas, atualmente, vêm sendo praticados com mais
frequência, mais intensidade e das mais diversas formas.
Nunca se viu tantas reclamações por parte das mulheres,
sendo certo que a coisa saiu totalmente de controle e tem
uma tendência nítida de piora.
Em tempos de redes
sociais, que aproximou e, consequentemente, facilitou o
acesso dos homens às mulheres, por vezes, com garantia do
anonimato, fez com que esse tipo de conduta crescesse
sobremaneira, permanecendo em uma curva ascendente. E a
piora provocada pelo mundo virtual, tem ido para o mundo
real, provocando verdadeiras barbaridades.

Leis para reprimir e punir foram e estão sendo criadas.
Reprovações e sociais vêm sendo cada vez mais frequentes
contra homens que têm esses tipos de condutas, mas,
infelizmente, nada disso parece estar adiantando. A
minimização do problema é imperceptível, porque não é
fática. Tem quem defenda que a facilidade da comunicação que
temos hoje em dia está permitindo a ampla divulgação de
casos de assédios e que eles estão em um platô. Discordo,
estão aumentando. O que se tem feito até aqui, vem se
mostrando inútil e sempre se mostrará, porque o problema não
está sendo tratado na sua raiz. Existe um somatório de
fatores que levam os homens a praticarem tais condutas, que
explica muita bem a miséria que vivemos atualmente.
Opino que a origem de todo problema está, em primeiro lugar,
na criação dos homens. Esse tipo criação machista,
desrespeitosa e perversa, permeada por aspectos religiosos
que em nada contribuem, encruada no seio da sociedade; que
passa de geração em geração; que os ensina que tudo podem e;
que promove a inferiorização das mulheres, é que fazem os
homens se sentirem no direito de agir desta maneira
reprovável e, por vezes, criminosa. Aliás, esse tipo de
pensamento machista da sociedade, faz com que muitas
mulheres guardem para si muitos assédios que as vitimam,
sofrendo em silêncio. A coisa piora ainda mais, quando
olhamos para cidades de interior. Mencione-se ainda que
também nos deparamos com muitos casos de impunidade por
causa dessa cultura machista, que também está impregnada na
justiça.
Em segundo lugar, eu coloco a cultura da
mulher objeto, alimentada pelas mídias, que trabalham para
indústrias de sensualidade e pornografia que não param de
crescer e faturam bilhões de dólares todos os anos. Os
homens consomem tudo que vem dessas mídias e indústrias,
levando-as inclusive para seus atos sexuais. Neste ponto,
não podemos esquecer que muitas mulheres também consomem
produtos dessas indústrias, mesmo aqueles que são voltados
apenas para a satisfação masculina. Essa cadeia existe
basicamente em função dos homens, alimentando suas libidos
visuais e irracionais, que facilmente fogem ao controle.
Numa visão mais ampla, nota-se que algumas mulheres aderem a
isso. Apesar de ser um fato, não estou afirmando que isso
justifica os comportamentos. Estou tratando das origens, que
fique bem claro.
O desconhecimento dos homens em
relação às suas próprias sexualidades e, consequentemente,
também em relação às das mulheres, é algo que precisa ser
revertido com urgência. E isso não se limita aos homens,
pois é fato que as mulheres também desconhecem suas próprias
sexualidades e isso faz com que vivam em dissonância com as
suas naturezas. Por vezes já mencionei que aprendemos mal e
parcamente sobre sexo, antes de acessarmos e aprendermos
sobre as nossas sexualidades. A sexualidade é um enorme
universo e o sexo apenas um elemento.
Esse total
desconhecimento sobre a sexualidade tem levado as pessoas ao
desprezo das suas energias sexuais, das suas energias
principais e vitais. Já mencionei em textos anteriores que,
quando bem tratada e trabalhada, a energia sexual nos eleva.
Contudo, quando desprezada e maltratada, ela nos leva ao
fundo do poço. As energias sexuais não são inofensivas. E
estamos vendo isso claramente hoje em dia.
Infelizmente, o que nos resta fazer hoje é tratar esses
casos com todo rigor, de forma que as mulheres tenham
garantidos seus direitos de ir e vir e de viver em paz,
tendo suas integridades respeitadas, porém, sabendo que,
enquanto não cuidarmos da raiz do problema, pouco, ou nada
conseguiremos mudar. Os fatos falam por si. Lamentavelmente,
afirmo que enxugaremos gelo enquanto não retiramos a visão
machista da criação dos homens, quebrar a cultura da mulher
objeto e ensinar sobre a sexualidade antes do sexo.
Por Prem Prabhu
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