|
Quando as pessoas conhecem e reconhecem o Tantra
como filosofia de vida, principalmente quando o
primeiro contato se dá pela massagem tântrica ou
experiências que as levem ao orgasmo ou estado de
êxtase, vem uma empolgação inicial enorme, que as
fazem querer fazer e viver tudo de uma maneira
intensa, muitas vezes, de forma ansiosa e exagerada.
Querem tudo de uma vez, sem respeitar o fato de
serem processuais.
Começam uma corrida
apressada e desenfreada na busca por conhecimentos e
experiências, esquecendo que tudo faz parte de um
processo dentro delas mesmas. Participam de
workshops, cursos, vivências, práticas diversas e
imersões, mas não conseguem realizar as mudanças
internas pretendidas, porque não estão sabendo viver
o passo a passo, respeitando seu próprio tempo.
Não é a quantidade de livros e atividades que
vai definir o processo. Esses conhecimentos são
muito importantes. Mas, só eles, não vão modificar o
modo de enxergar e sentir a vida. O Tantra precisa
fluir na pessoa e a pessoa precisa fluir o Tantra
dentro dela mesma, para que isso se expanda. Para
tal, é necessário se voltar para dentro, buscar o
caminho da meditação. O Tantra é vivo e, portanto,
muito pragmático.
Pelo fato de ser uma
filosofia de vida matriarcal, desrepressora e
sensorial, com muitos aspectos relacionados à
sexualidade (porém não limitados), ou seja, que
oferece às pessoas o oposto daquilo que a elas foi
ensinado até aquele ponto, o Tantra traz sim uma
grande empolgação. E é natural que traga.
Contudo, mesmo diante de tanta empolgação, ele não é
simples e requer tempo para que se possa romper com
uma vida em que tudo que nos foi ensinado nos leva a
caminhos de dependências de pessoas e coisas; que
nos leva a condicionar tudo a alguma coisa ou
situação, como se tudo na vida fosse uma troca,
necessitando de contrapartida; que nos ensina que
fazer o bem é olhar para os outros antes de nós
mesmos, classificando o comportamento oposto de
egoísta; que impregnou em nossas mentes a religião
como base para tudo, limitando e fechando nossas
vidas; que nos julga e nos condena; que interfere na
nossa liberdade, no nosso livre-arbítrio, no nosso
amor-próprio e na nossa autoconfiança; que impõe os
nossos caminhos, determinando as regras para que
possamos segui-los; que nos faz querer rotular tudo
e todos; que trata a sexualidade, o sexo e o prazer
como pecado/proibido, caso as regras impostas não
sejam seguidas à risca; que classifica os seres
humanos de acordo com seus sexos, raças, cores e
credos; que nos leva à infelicidade; que cria regras
até para o amor, dentre tantas coisas que nos
massacram.
A empolgação nos leva a acreditar
que as pessoas ao nosso redor e que a sociedade
aceitará o Tantra com muita facilidade; que tudo
aquilo que estamos levando para o externo será muito
bem-vindo, só porque nos fez bem. Mas, tenho que
dizer que não é assim. Por isso, eu tenho comigo
que, se o processo não for vivido, chegará
rapidamente a hora da baixa empolgação e a pessoa se
sentirá segregada. Não é para ser assim.
Quando você vive o processo e passa fluir o Tantra,
passa realmente a entrar em calmaria profunda, a
meditar e a ser observador, aos poucos, fluindo,
respeitando o seu próprio tempo, você passa a
perceber que não é uma questão de as pessoas
aceitarem ou não. É uma questão de você sentir tudo
fluindo dentro de você. E toda preocupação com o
externo se desfaz e você passa a compreender que é
apenas algo do seu íntimo, da sua alma.
De um
lado, temos uma vida da qual é difícil nos
desvincularmos. Uma vida de contas a pagar, de
obrigações a serem cumpridas. E precisamos
harmonizar tudo isso dentro de nós, porque é assim
que tem que ser. Não criamos um mundo paralelo.
Apenas nos encontramos dentro de nós e nos situamos
dentro do mundo real, da forma que melhor se adeque
a nós.
Falando de amor, ao longo do tempo,
observei pessoas buscando o Tantra e aprendizados,
mergulhando de cabeça, mas que, por não terem vivido
um processo, por não se permitirem fluir, quando se
relacionaram com outras pessoas começam a cobrar as
mesmíssimas coisas, que só fazem atrapalhar a
fluência do amor. Logo, ficaram ansiosas, tensas,
deixando a amorosidade de lado, alimentando seus
Egos.
Continuarei a escrever sobre este tema.
Acho relevante. Contudo, inicialmente, gostaria de
deixar a mensagem no sentido de o Tantra não é uma
questão de aprendizado apenas, mas sim uma questão
de senti-lo e, para tal, cada um deve respeitar seu
próprio processo e seu próprio tempo, buscando o
caminho da meditação. O Tantra e seu imenso universo
podem sim ser ensinados e aprendidos. Mas, tudo é
uma questão de senti-lo. Tem gente que nunca
aprendeu o Tantra, mas que flui elementos dele
melhor que muitas que receberam ensinamentos.
Calma! Não tenha pressa, porque o Tantra é amor,
tudo nele se relaciona com amor, que vem de dentro e
se expande. E o amor, sem sombras de dúvidas, é uma
energia para ser sentida.
Por Marcelo

|
|
|