Medo de ser livre?

 

 

Postado em 10 de junho de 2018

 

 

 

Quando as pessoas tomam conhecimento do Tantra, ainda que da forma mais básica, mais rasa, é nítido que ele causa um certo choque, principalmente, quando envolve temas fortes e muito presentes na filosofia de vida, tais como como sexualidade e sexo.

 



Contudo, não é a sexualidade ou o sexo que causam este choque, mas sim a liberdade que o Tantra traz. Ser livre é uma das maiores dificuldades, um dos maiores desafios que o ser humano pode enfrentar, pois mexe com seus medos.

Não é a liberdade de ir e vir apenas. É a liberdade de existir, de fazer aquilo que se deseja fazer. É a liberdade de mover-se por si e não mais pelas outras pessoas, pela sociedade, pelo senso comum. São rupturas complexas, de uma vida toda construída em conceitos religiosos altamente repressores criados pelos homens, que se intitulam porta-vozes das divindades. Homens que ganham com a formação de rebanhos. O medo arrebanha.

Falando de liberdade, no tocante ao sexo e a sexualidade, a maioria dos homens e mulheres vivem verdadeiras prisões. Algumas pessoas ainda conseguem dar aquelas escapadas, mas logo são recapturadas.

Muito se fala em liberdade sexual para as mulheres. Está certo, é justo, vez que a criação patriarcal as reprime muito e, não são raras as que vivem infelizes por isso. Mesmo com toda evolução do tema na sociedade, é fato que este problema está muito distante de ser resolvido.

Mas, temos que nos atentar que os homens também não são livres. Talvez, as prisões que eles vivam sejam tão ruins quanto as das mulheres, ainda que em sentido inverso. Viver aprisionado na obrigação de ser o poderoso é bem difícil, principalmente, porque isso os coloca um peso enorme sobre suas costas (que a maioria não consegue suportar) e em linha de competição e rivalidade com outros homens.

Existe uma máxima no sentido de que os homens podem tudo e as mulheres nada em relação ao sexo e a sexualidade. Só que, quando estamos falando da liberdade do Tantra, esse "poder tudo" se transforma em um enorme paradigma. A sensação de "poder tudo" não representa a liberdade.

Quando liberdade flui em nós, não pensamos assim. Essas coisas não são medidas, porque se trata da liberdade da pessoa com ela mesma. Não há mais preocupação em ser livre aos olhos das outras. Não há preocupação em ser mais livre ou menos livre. Não há igualdade ou desigualdade quando somos verdadeiramente livres. A liberdade põe fim a este tipo de conflito.

O Tantra rompe no homem o sentimento pela obrigação ou dever de ser o macho, o pegador, o provedor (inclusive do prazer das mulheres), o protetor e tudo mais que foi imposto nessa criação patriarcal. Tudo aquilo que supostamente traz segurança ao homem é objeto de uma grande ruptura. Acreditem, tudo isso representa um enorme peso para os homens. Eles não admitem, mas causa.

No primeiro contato com o Tantra, as mulheres vislumbram a liberdade que não têm. Logo, a motivação é positiva. Os homens vislumbram a perda do "poder tudo, logo a motivação é negativa. Para as mulheres é ganho. Para os homens é perda. Só que, para ambos, ainda que não percebam, a liberdade causa medos dos mais diversos, por conta desse contexto de criação patriarcal.

Por isso, mesmo que já se perceba alguma evolução em relação aos homens e o Tantra, é inquestionável que, para as mulheres, fluir o Tantra, num primeiro momento, é algo mais simples do que para os homens. Com efeito, a filosofia de vida tem atraído mais as mulheres.

Aprofundarei mais o tema Liberdade contextualizada com o Tantra, sexo e sexualidade. Mas, acredito que, com este texto de introdução, seja possível refletir sobre o medo que a liberdade causa nas pessoas, devido às muitas rupturas que ela promove. Para muitos, o platô dessa vida aprisionada é confortável.

Seja como for, no tema liberdade, acredito que os homens devam compreender mais as mulheres e as mulheres mais aos homens. De certo, da forma que está, mais afasta do que aproxima.
 

 

Por Prem Prabhu