Mais diálogo, menos conflitos e sofrimentos. Viva a interdependência

 

Postado em 29 de junho de 2018

 

 


As pessoas precisam desarmar seus espíritos para se abrirem mais ao diálogo. Cada vez mais as pessoas estão evitando o diálogo e partindo para o conflito. A questão é que conflito não resolve nada. Diálogo resolve e aproxima. Conflito isola. Diálogo ajuda o nosso preenchimento, enquanto conflito nos esvazia. Diálogo liberta e o que mais o ser humano precisa hoje em dia é liberdade. Hoje vivemos livres dentro de nossas prisões.

 

 



A relação entre homens e mulheres será sempre conflituosa enquanto ambos não se abrirem ao diálogo e se curarem das feridas. Diálogo tem poder curativo. Conflito é bactéria que infeciona e mata. Quando vejo mulheres buscando confrontar os homens vestindo a capa de um feminismo exagerado, penso que não é algo que vá liberta-las das questões e problemas que passaram. Pelo contrário, viverão aprisionadas naquilo, eternamente em conflitos. Não estou falando que é certo ou errado. Cada pessoa deve saber de si. Mas penso que é ruim viver assim e, certamente, uma hora isso cansa. A questão aqui é que o cansaço não terá resolvido nada, porque toda energia foi usada inutilmente.

Particularmente, gosto muito dos trabalhos maravilhosos que são feitos para elevar as mulheres com o sagrado feminino ou trabalhando o feminino de outras formas, porque não se trata de conflito, mas apenas de elevação do ser. Quando ser se eleva, ele retorna à sua essência e busca o compartilhamento.

Por outro lado, este conflito entre homens e mulheres não nasce do nada. Os homens têm mais propensão a não querer dialogar do que as mulheres, sendo muito responsáveis pelos vazios nas relações. Para eles dialogar é chamado de "DR". Ou seja, algo chato para o qual eles não têm paciência. Os homens pagam um preço muito caro por isso também.

Não podemos ser dependentes de nada e nem de ninguém. Somos apenas seres interdependentes, ou seja, pessoas independentes que precisam encontrar outras igualmente independentes, que gostam de compartilhar aquilo que têm dentro de si. A interdependência é uma escolha, uma questão de livre-arbítrio, algo natural. Há uma seleção para definir com quem será feito esse compartilhamento, essa troca de energias do amor e de energias sexuais. Já a dependência é uma necessidade que a vida vai colocando em nós por meio atos e fatos que retiram nossa autoconfiança, derrubam nossa autoestima e nos tornaram inseguros.

A importância do diálogo está justamente no fato de sermos interdependentes. Ele se faz necessário, porque diálogo é compartilhamento puro. Dialogar é caminhar em direção a paz e a harmonia interna, ainda que a decisão entre duas pessoas seja não estarem mais juntas.

É aconselhável que comecemos nossas relações com base em diálogos? Sim, este é o mundo ideal, é óbvio. Todavia, por mais desgastada que uma relação esteja, é provável que exista espaço para o diálogo. Precisamos ao menos querer tentar, se chegarmos à conclusão que vale à pena. Não conseguindo, siga sua independência em busca de pessoas igualmente independentes, que desejem compartilhar.

O diálogo falta em todas as etapas das nossas vidas. Quando criancinhas, quando adolescentes e na fase adulta. A falta de diálogo permanece geração após geração e é algo que está longe de acabar. Raras são as pessoas que cresceram com diálogo, raras. Não estamos acostumados a ter espaço para sermos ouvidos. Logo, não buscamos e não sabemos ouvir. Não temos paciência para tal. Logo, aprendemos a ser independentes, porém ignorando a nossa natureza de interdependência. Só que, como a natureza sempre grita e se sobressai, a falta da interdependência traz vazios imensos. Com efeito, passamos a nós mover em busca do compartilhamento e, sem sucesso, acabamos nos tornando seres dependentes.

Junto com a dependência vem a insegurança e o medo de perder. Nossa autoestima e nossa autoconfiança se tornam totalmente instáveis. Vivemos em uma gangorra emocional. Pronto, temos o ambiente perfeito para o Ego crescer. Então, as pessoas começam a se relacionar com as outras junto com seus egos. E o ego é uma grande prisão para quem o carrega, sendo que ele sempre está em busca de aprisionar a outra pessoa. O Ego sabe manipular e machucar. O Ego se torna dono da nossa existência e quer ser dono da existência da outra pessoa. O Ego quer possuir a outra pessoa. Para tal, ele busca a sobreposição, que agride a natureza da outra pessoa, desencadeando conflitos.

Para mim, seja na minha vida pessoal, seja na profissional ou na minha caminhada no Tantra, tudo se inicia a partir do diálogo. Por isso, eu sempre me esforço para conseguir tempo para conversar com as pessoas e escrever meus textos, mesmo sabendo que a imensa maioria não terá paciência, justamente pela falta do hábito do diálogo, por não saber e querer ouvir.

Carrego a bandeira do diálogo, pois estou certo que ele alimenta a nossa verdadeira natureza e isso nos cura. Não é à toa que os muitos tratamentos convencionais da psicologia buscam a conversa para entender as pessoas e poder curá-las e ajudá-las.

Se eu pudesse dar uma sugestão, diria para buscarem o diálogo. Tentem, vivam este processo!

 

Por Prem Prabhu