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Insistentemente, afirmo que os homens precisam
evoluir para poder oferecer às mulheres estímulos
melhores, de forma que elas possam ter orgasmos e
prazeres mais intensos e profundos. E precisam
mesmo, porque, na média, o nível amorosidade e
sensorialidade no sexo, aqueles que partem dos
homens, é muito inferior ao que poderia ser,
considerando a capacidade que eles têm. Mas, os
homens não precisam evoluir apenas por causa das
mulheres. Eles precisam evoluir para a felicidade
deles também. É algo profundo e total!
Hoje
em dia, está muito em voga nas mídias e nas redes
sociais os déficits de prazeres, bloqueios sexuais,
dentre outras questões e problemas que afetam as
mulheres. Só que essas mídias dificilmente mencionam
que existem muitas questões e problemas que também
afetam os homens, motivo que faz com que isso seja
pouco debatido. Pelo que assistimos, parece que o
único problema que os homens têm está na ejaculação
precoce. Só que isso está muito distante da
realidade, convenhamos.
Vejam que as mídias,
ao tratarem apenas da ejaculação precoce, levam a
sexualidade masculina apenas para o pênis, dando
vazão a uma cultura que está totalmente em
descompasso com a sexualidade das mulheres. Isso
porque, se considerarmos que, segundo estudos, cerca
de 70% das mulheres têm orgasmos apenas clitorianos
e que não possível precisar se as cerca de 30% que
atingem o ápice por meio da penetração tiveram seus
clitóris estimulados pelos pênis de forma
intravaginal ou mesmo externa, de acordo com a
posição, há um claro descompasso na hipervalorizarão
do pênis no ato sexual como sendo o único
instrumento de virilidade masculina. O pênis, em que
pese se importante, de longe traz a totalidade
necessária. E o sexo, para ser um meio de elevação e
felicidade, precisa ser total.
E mais: esse
excesso de foco no pênis, uma cultura errada
alimentada pelas mídias, causa diversos problemas
psicológicos aos homens, não limitados à ejaculação
precoce. Eles passam a se preocupar com as medidas
de seus pênis, até a curvatura, cor etc. Tudo isso,
faz com as inseguranças aumentem, trazendo cada vez
mais ansiedades. Só que quando os homens vão ao sexo
com ansiedade, certamente a experiência não será
nada boa, como aliás temos visto.
O orgasmo
feminino realmente é mais complexo e completo, pois,
para ele ser estimulado e acontecer de forma
intensa, e não em “espasmos” de fração de segundos
como comumente se tem, é preciso que exista na
relação sensorialidade, amorosidade, calmaria,
toques sutis, percepção sobre as reações dos corpos
aos estímulos, dentre outros aspectos.
Ocorre que, entre os homens, existe uma cultura de
que não se pode falhar na hora H; que precisam ser
verdadeiras máquinas de sexo; que suas virilidades
estão no pênis e no tamanho; que precisam dar três
ou mais para serem os tais, dentre outras questões
que são provenientes de uma cultura patriarcal
(machista) que cria muitos problemas sexuais. E pesa
ainda o fato de que muitas mulheres absorvem essas
ideias machistas e passam a admitir que os homens
devem provê-las de prazer, como se fosse uma
obrigação deles.
Vejam como a coisa piora
ainda mais: os homens têm mais vergonha de falar de
suas questões e problemas entre eles, do que as
mulheres entre elas. Uma mulher saber dos problemas
sexuais de um homem, muitas vezes, não é tão grave
quanto outros homens saberem. Ou seja, nem espaço
para conversar sobre suas questões e problemas
sexuais os homens conseguem encontrar com
facilidade.
A questão é que o sexo e tudo que
a ele diz respeito viraram produtos. O sexo não é
tratado como um caminho de elevação, mas sim como um
ato raso, cuja obrigação é de resultado, que exige
performances de seus praticantes. E isso traz o que
há de pior para o centro o sexo: o Ego.
O
sexo é focado na genitália e não no todo, ou seja,
no corpo inteiro, na mente e na alma. Sexo focado na
genitália enjoa rapidamente, porque não requer amor
e qualidade, apenas quantidade. Sexo focado no todo
é sempre uma grande descoberta, porque não é pelo
resultado prazer que as pouquíssimas pessoas que vão
a ele estão ali. O Prazer está em viver as
descobertas, na totalidade do ato em si, porque se
trata de um prazer sem fim, que continua no dia a
dia, nas suas vidas e em tudo que fazem. É pura
energia positiva de amor. É quando do sexo se torna
a oração e o orgasmo o milagre.
Em outras
palavras, muitas pessoas estão buscando sexo olhando
para a performance, com foco no resultado orgasmo,
mas se esquecem que existe um processo; um caminho
delicioso, rico, sagrado e com abundância de
energias a ser seguido e vivido. Este caminho é o
grande lance. Viver o sexo é o importante.
O
sexo, para os homens, vem sendo esta coisa rasa, sem
amorosidade. É ego puro. Um jogo ignorante e
animalesco de vaidades onde é necessário provar que
se é o foda. Isso afeta negativamente as mulheres e
aos homens também. No fim, tudo que há de mais
maravilhoso e sagrado se perde. Sexo é visto como
sacanagem apenas e não algo sagrado, um ato de amor,
capaz de elevar os seres humanos.
Sim, muitos
homens estão sofrendo também. Não são apenas as
mulheres. Homens também sofrem com problemas
relacionados à falta de orgasmos, ejaculação
precoce, diversas disfunções sexuais e com muitas
questões e problemas psicológicos, dos mais diversos
tipos, com os mais perversos efeitos.
Então,
afirmo, com toda segurança que, diante da educação
patriarcal (machista) que temos, existem mais homens
do que mulheres sofrendo com questões e problemas
sexuais, mesmo que por motivos aparentemente
diferentes. Aqui eu coloco a questão do câncer na
próstata como exemplo: quantos homens deixam de
fazer o exame do toque por que isso fere suas
masculinidades e acabam morrendo? E o conflito do
homem com o prazer por meio de estímulo prostático,
que deixam de viver prazeres incríveis (pelo menos
nas suas relações) por acharem que afeta suas
masculinidades? E o que dizer daqueles que tem que
pensar nas mais diversas situações durante o sexo
(mortes, acidentes, coisas que lhes causem nojo
etc.) para segurarem a ejaculação, permanecendo com
suas mentes em outro lugar, fazendo movimentos
mecânicos, totalmente desconectados das suas
parceiras?
A questão é que, quando estes
problemas acontecem, se expostos, os homens serão
rotulados com os mais diversos e negativos nomes.
Não é necessário repetir aqui os deboches que todos
já sabemos, não é mesmo?
Este sexo de Ego,
retira qualquer possibilidade de abertura entre as
pessoas. Não permite um diálogo com o coração
aberto; um diálogo com amor. Cada pessoa guarda para
si as suas questões e problemas e vivem dentro de
seus mundos, num inferno astral, girando em
círculos, presas em si mesmas. É como se dissessem:
eu tenho o meu problema, não quero saber do seu e
não quero que você saiba do meu. Ou seja, está tudo
fechado, porque as pessoas estão fechadas,
justamente numa área importante da vida, que requer
abertura, liberdade e totalidade.
A educação
patriarcal (machista), repressora, anti-sensorial e
revestida de aspectos religiosos que temos em
relação ao sexo não é perversa apenas com as
mulheres. Muitos homens sofrem com ela também,
porque sentem todo este peso, sendo certo que o
aprendizado sobre a sexualidade é paupérrimo. Hoje
em dia, diante das muitas informações disponíveis,
não digo que existem vítimas e vilões. Digo que
existem responsáveis. Falta amor, logo falta
diálogo, consenso e compreensão. Sobra Ego! Só que,
para que o sexo seja saudável e eleve as pessoas, o
compartilhamento deve ser total. Diálogo é amor!
A verdade é que, desde que que as mulheres
ganharam seu espaço na sociedade e o orgasmo
feminino e seu grande poder vieram à tona, os
homens, que antes não se preocupavam com isso,
passaram a vê-lo como um monstro, como se dissessem
para si: “temos que dar prazer às mulheres, custe o
que custar”. E isso desencadeou uma série de
problemas que antes apenas não eram observados,
porque as mulheres objeto não tinham vez nem voz. Só
que agora elas têm. Este tema cabe em um artigo e
falarei dele em breve!
Enfim, os homens têm
sim mais problemas sexuais que as mulheres. A
questão toda é que, nesse ambiente machista, envolto
em seus Egos, os homens encontraram a solução de
culpar as mulheres por seus problemas, sendo que
esmagadora maioria delas passou a absorver e aceitar
essas culpas, afirmando para si que os problemas
estão com elas, quando não estão. Em outras
palavras, a esmagadora maioria das questões e
problemas sexuais das mulheres têm origem nas
questões e problemas sexuais dos homens.
Uma
coisa muita feia que alguns homens fazem com as
mulheres, quando não conseguem estimular seus
prazeres, é criar comparativos com relacionamentos
anteriores, indicando que conseguiam sempre dar
prazer para suas outras parceiras. Não caiam nessa
cilada. Primeiro, porque provavelmente isso é
mentira e, segundo, ainda que não seja, cada mulher
tem o dom de ser única. Logo, cada mulher precisa
ser estimulada de um jeito próprio, não tendo duas
iguais.
Então, diante de tudo que expus, com
exemplos inclusive, não tenho dúvidas de que os
homens tenham muito mais problemas sexuais que as
mulheres e que 95% dos problemas delas têm origem
nos deles e/ou são provocados por eles.
Por
fim, posso afirmar que seria muito melhor para os
homens, se eles quebrassem seus paradigmas e tabus
sexuais, e permitissem que as mulheres conduzam o
sexo e os prazeres. No Tantra, nessa filosofia
matriarcal, um encontro entre Deusas e Deuses, são
as Deusas que conduzem. Por isso, os prazeres
contextualizados com o Tantra são muito mais ricos,
intensos e capazes de elevar as pessoas. É amor,
liberdade e sensorialidade! Obvio que existem
mulheres que também precisam quebrar tabus e
paradigmas para que isso aconteça.
As mulheres são a solução dos muitos problemas
sexuais dos homens.
Por Marcelo

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