História real: o amor só flui em liberdade

Postado em 28 de maio de 2018

 

 

Contarei a história de um homem que conheci no Tantra, em uma dessas minhas andanças. Trata-se de uma história simples e real, sem os ilusionismos que tanto vejo por aí. Acredito que esta simplicidade aproxime o Tantra ainda mais das pessoas.

Pelas minhas contas, este homem deve estar casado há quase 12 anos. A companheira, antes do casamento, sempre foi uma grande amiga dele. O destino fez com um casal se formasse.

 

 



Obviamente que, por ele já estar fluindo o Tantra há mais de 05 anos quando começaram esta linda história de amor, ele sempre teve como certo que jamais se trataria de uma relação convencional, com regras, obrigações e cobranças. Inclusive ele diz que agradece aos céus por isso. Ele sempre fala que o casamento deles não é perfeito, pois não acredita em perfeição. Afirma nem querer isso, porque a perfeição deve ser um saco! Ele está certo, porque as nuances das relações servem para nos amadurecer e aumentar a nossa compreensão sobre as pessoas e sobre nós mesmos.

Quando a companheira dele terminou o antigo relacionamento dela, com um final não tão bom, realmente, aquilo não a deixou bem. Ele notava que ela estava muito machucada e triste. Como já eram amigos, sabia das histórias de um típico relacionamento machista.

O início como casal, mesmo eles sendo amigos, foi um pouco conturbado. Chegaram a ficar um tempo afastados, porque ele não queria deixar de fluir o Tantra na vida dele e realizar as atividades que tinha. Tudo sempre foi colocado de forma cristalina. Então, um belo dia, conversaram, com muita sinceridade, e chegaram a um consenso. Ele soube também ceder a determinados pedidos, pois os entendeu razoáveis e muito justos. Estão juntos até hoje e felizes.

Passaram a trazer elementos do Tantra para a relação, aos poucos e sem pressa. Ela se transformou na paciente número 01 dele e, até hoje, tem este status garantido, pelo menos enquanto quiser estar lado dele e enquanto ele quiser estar ao lado dela. Palavras dele!

A questão é que, ao fluírem elementos básicos e importantes do Tantra entre eles, principalmente, o amor, a liberdade, a integração total, o amor-próprio e o respeito ao livre-arbítrio, fundamentalmente, permitiram que se fortalecessem cada vez mais individualmente.

Ele fez questão de mostrar para ela a importância do amor-próprio, desde o início, pois já tinha, naquela altura, mais 05 de Tantra fluindo nele intensamente. Este foi foco dele. As relações anteriores dela não permitiram isso.

Apesar de ser uma linda mulher, uma Deusa no sentido mais amplo da palavra, o amor-próprio ainda era uma questão importante para ela resolver. Vejam bem, ela tinha que resolver. Ele não resolveu nada por ela. Não interferiu no processo. Apenas alimentou a vida deles coisas boas. Ele a estimulou e a estimula todos os dias. Consequentemente, acaba se estimulando também. Com o tempo, foram se dedicando à expansão da autoconsciência, do autoconhecimento e tudo mais que o Tantra desperta quando permitimos que ele flua em nós.

Em resumo, ele afirma ser um homem feliz porque se ama e tem ao lado dele uma mulher que se ama acima de tudo e todos. Ela afirma que apenas flui amor entre eles. Pude sentir isso durante nossas conversas.

Com muito orgulho ele afirma algo que, para os homens, soará muito estranho e para muitas mulheres também: "em qualquer vacilo meu, ela me deixa e vai viver a vida dela. Não tenho dúvidas disso e isso me deixa muito feliz, pois sei que, se ela não estiver mais ao meu lado e quiser se relacionar com alguém no futuro, jamais abrirá mão do seu amor-próprio".

O Grande lance, segundo ele, é que tudo que iniciou foi por ela e não por ele. De alguma forma, sempre carregou a certeza de que o bem que faria e ela retornaria para ele. E retorna mesmo, porque, na verdade, compartilhamos o que carregamos em nossos interiores.

Claro que, como casal, eles têm as questões deles e muitas divergências de opinião. Isso, aliás, é natural quando a liberdade é respeitada, quando a autoconfiança e a autoestima são alimentadas. A questão, neste ponto, é que, mesmo diante de um clima mais tenso, eles não brigam e tudo é tratado com respeito e muito diálogo.

Ambos têm consciência de que, se estiverem se sentindo mal, acabaram compartilhando isso entre eles. Ou seja, se ambos não tiverem a visão e o sentimento de que precisam ser e estar felizes, no compartilhamento, tudo voltará e vice-versa.

A questão é que ele não quer ter controle sobre ela e nem ela sobre ele. Numa dessas conversas, ele me disse: "não cobro nada e ela não cobra de mim. Sabemos o que temos entre nós e vivemos com respeito ao espaço de cada um, porque isso nos faz feliz. Isso flui naturalmente entre nós".

Quando o Tantra flui na vida de um casal -- lembrando que se trata de uma via de mão dupla, pois, do contrário é complicado, vez que todas aquelas concepções de relação em conceito fechado, com obrigações e cobranças, todos aqueles fardos pesados não são trazidos para a vida a dois -- tudo fica mais leve e essas coisas menores, ficam de fora.

Cobranças não adiantam para nada. Impor obrigações também não. Os conflitos só afastam as pessoas. Essas coisas são menores. A liberdade é o maior bem que temos e é justamente liberdade que devemos oferecer e compartilhar com as pessoas. Para o amor fluir, ele precisa encontrar os caminhos totalmente livres.

Os casais precisam entender que, mesmo que não fluam o Tantra, todos as energias e sentimentos envolvidos na relação são compartilhados, quer queiram, quer não. Então, se flui conflitos e cobranças, tudo retorna e a vida a dois vira um inferior astral.

Não adianta ter ciúmes, apego, sentimento de posse. Nada disso funciona. Isso apenas afasta as pessoas, porque a liberdade está na nossa natureza, é instinto do ser humano. Não adianta se anular e se escravizar emocionalmente para a outra pessoa, porque isso traz infelicidade e tudo acaba sendo compartilhado.

É necessário entender que tudo que carregamos dentro de nós é compartilhado. Somos o que carregamos em nós e é isso que é transmitimos. No compartilhamento, fluímos o negativo e positivo. Em relação ao amor, energias opostas de repelem.

As pessoas cobram fidelidade uma das outras. Não podemos cobrar isso de ninguém, porque faz parte do livre-arbítrio de cada um. O resultado é que muitas pessoas se frustram ao perceber que cobrar fidelidade não traz garantia alguma.

As pessoas vivem relacionamentos cheios de conceitos formados. Tem que ser assim, tem que ser assado. O Homem tem que fazer isso, a mulher aquilo. Ora, quando se faz este tipo de cobrança, as pessoas passam a escrever os caminhos uma das outras, suprimindo a liberdade e o livre-arbítrio. Proibições: é isso que vai fluir, não tenham dúvidas.

Os homens se sentem os donos das mulheres -- Ela é minha, eu sou o macho. As mulheres se tornam dependentes dos homens, com os mesmos sentimentos de posse, porque suas necessidades de interdependências estão nas suas naturezas, só que sempre extrapolam. Os homens podem ter tudo e as mulheres têm que ficar ali esperando por eles, vivendo em função deles. Tudo isso está errado e acaba sendo compartilhado. O resultado, é o que se vê nas quantidades absurdas de conflitos que estão levando aos términos de muitas relações, com muitos sofrimentos, principalmente das mulheres. As mulheres têm natureza bem diferente dos homens. Isso precisa ser compreendido e respeitado por todos.

As pessoas, na média, não conseguem deixar amor fluir. Não sabem viver em liberdade, principalmente, compartilhar liberdade. As pessoas absorvem inseguranças e medos do mundo e, por isso querem ter a sensação de estarem sempre no controle. O problema é que as pessoas não controlam de fato as outras. Elas apenas destroem os amores-próprios da outras, retiram suas liberdades e detonam o amor. Mais cedo ou mais tarde nossas naturezas se impõem.

Numa relação tudo precisa fluir. A liberdade precisa fluir e, para tal, ambos precisam ser livres por dentro. Estar sob controle de alguém é uma prisão, da mesma forma que querer controlar também é. O amor não flui sem que sejamos livres.

A relação de um casal, o amor, não pode ser projetado e planejado, tal como se fosse a compra de uma casa, de um carro, ou uma viagem. Assim ele não flui.

Precisamos entender que a liberdade total, ou seja, o respeito ao livre-arbítrio da outra pessoa atrai e aproxima o casal. A liberdade deve estar em cada um de nós. É um sentimento que está em nossa natureza e que precisamos desenvolver. Não podemos e não temos o direito de sequer pensar em controlar a outra pessoa.

Assim como é seu direito querer ir, é direito da outra pessoa também. Então, esqueça isso. Precisamos nutrir a relação com amor, pensando no agora, no hoje para ter um amanhã. Nutrir a relação com foco em não terminar, faz com que ela termine. Se pararmos para pensar bem, as pessoas não precisam viver vidas separadas para uma relação terminar. Quantas e quantas relações terminam e pessoas continuam casadas ou vivendo juntas, não é mesmo?!

Sejam livres, não tenham medo. Lembrem-se sempre de que tudo flui pelo compartilhamento. As pessoas sentem aquilo que está nas outras.

Este texto não tem uma linha de raciocínio lógica. Ele traz mensagens para reflexões.
 

 

Por Prem Prabhu