História de uma paciente que não consegui ajudar

 

Postado em 04 de dezembro de 2017

 

Há alguns meses, atendi uma paciente que afirmou ter sido diagnosticada com depressão profunda e isso a levava a ter baixíssima autoestima, falta de amor-próprio, angústias e muito sofrimento. Afirmou também ter tentado diversos tratamentos convencionais, terapias alternativas, busca por espiritualidade por meio de diversas seitas e religiões.


Conversamos e agendamos a primeira sessão. De cara, ela se atrasou uma hora. Eu liguei para perguntar se ela viria e notei por parte dela grande agressividade. Absorvi essas grosserias por entender seu estado pedi que ela viesse.

 


Com quase uma hora e meia de atraso, finalmente, ela chegou. Conversamos e era nítido que ela não estava com vontade de me ouvir. Mesmo assim, insisti, pois faz parte do meu trabalho passar às pacientes todas as informações e instruções sobre a massagem; explicar as etapas e o que precisarei delas para que tudo flua bem e com naturalidade, principalmente a parte de respiração para colocá-las em estado de meditação.


Assim como falo para as pacientes tentaram não criar expectativas sobre a massagem tântrica, como forma de não interferir no processo, também não crio expectativas em relação ao meu trabalho. O que eu carrego comigo é muita segurança. Confio em mim e sei dos meus sentimentos.


Pedi que ela tomasse um banho, que saísse enrolada na toalha. Falei como ela deveria se deitar e que a cobriria antes de começarmos a massagem e que só a veria despida com seu consentimento, após fazermos a respiração, com ela se sentindo pronta.


Ela saiu do banho, deitou-se, eu a cobri. Ela fechou os olhos, iniciamos o processo respiratório. Ela começou a relaxar profundamente e consentiu o início da massagem. Consentiu que eu a visse nua e que tocasse seu corpo, seu templo. O templo de uma Deusa.


Começamos a massagem e, do início ao fim, ela transitou por muitas sensações e emoções. Foi uma sessão incrível. A parte orgástica cumpriu perfeitamente sua função. Tudo foi perfeito. No final, ela estava sorrindo, demonstrava felicidade e segurança. Foram 2 horas e meia de sessão. Tudo feito com muita calma e sentimento. Ela tomou outro banho, se arrumou e foi embora como se fosse uma outra pessoa.


No dia seguinte, perguntei como ela estava se sentindo e se tinha dormido bem. Ela afirmou estar se sentindo muito bem, que tinha dormido muito bem e que estava muito feliz. Afirmei que aquele é o verdadeiro eu dela. Um eu feliz.
Nos 4 dias seguintes, os mesmos relatos. Falei para continuarmos a terapia. Ela disse que continuaria, com toda certeza. O tempo foi passando. Uns 10 dias depois entrei em contato novamente e ela já demonstrava um certo retorno ao estado que se encontrava antes da massagem. Mais uma vez falei para continuarmos. Ela disse que marcaria, mas optou por não marcar é, até hoje, não retornou. Para mim, é óbvio, que o não retorno encontra origem no quadro de depressão que ela informou ter (e realmente tem) e tenho que compreender isso, mesmo que não me conforme.


Achei (e ela também) que o resultado da primeira sessão foi incrível. Queria muito ter continuado mantendo sessões semanais, mesmo que gratuitamente. Queria muito tê-la ajudado. Não sei se a massagem tântrica seria a solução total. Mas, mesmo se não fosse, ajudaria muito, tenho certeza.


A depressão é algo terrível na vida de uma pessoa. Não foi a primeira, nem a última paciente que atendi nesse quadro. A minha massagem já ajudou algumas mulheres a superarem esse quadro. E me orgulho muito disso. Algumas, como foi o caso desta, não consegui ir adiante. É uma situação muito complexa de se conduzir. Sei que ainda terei muitas pacientes com esse quadro. E as receberei de coração aberto.

 

 

Por Prem Prabhu