Estimule-se, mas desenvolva-se também

 

 

Postado em 11 de agosto de 2018

 



No Tantra, estímulos visuais, auditivos e sensoriais e outros nos trazem êxtase, e isso nos deixa muito empolgados, sem sombra de dúvidas. Mas, a questão central é que, se não nos desenvolvermos, todo êxtase que sentimos passará rapidamente, como se fosse água escorrendo pelas nossas mãos. Então, ficaremos sempre em busca do êxtase, logo ele passa é nós vamos atrás dele novamente. Este é o ponto.

Não podemos ficar buscando o êxtase pelo êxtase, ou estímulos pelos estímulos. Ele precisa ter uma função e, nesse sentido, a busca pelo desenvolvimento é importante porque precisamos permanecer com toda aquela energia fluindo em nós, sem que a percamos. Veja que não estou falando permanecer no êxtase total, no seu pico, até porque não daria para levarmos uma vida assim, o tempo todo, não é mesmo?

 



Todos estados de êxtases que conseguimos obter nas práticas tântricas têm o poder de nos causar um bem-estar enorme após o pico, nos dias seguintes. E é justamente da manutenção desse bem-estar que eu estou tratando. É das oscilações bruscas que eu estou falando, ou seja, vivemos o êxtase e poucos dias após voltamos ao estado que estávamos, com os mesmos vazios, ansiedades, ou seja, com os mesmos problemas.

Isso não é nada bom, pois nos coloca em estados constantes de oscilações emocionais, formando um círculo vicioso em nossas vidas. Não é bom ficar pulando entre o pico e a base da montanha. É necessário se posicionar em um local mais elevado, para que, naquele ponto, possamos permanecer, o mais perto do pico possível, de forma que possamos acessá-lo com extrema facilidade, por meios próprios, sem depender de nada nem ninguém.

Vejo muita gente participando de muitas práticas tântricas, mergulhando de cabeça em encontros, workshops, imersões, dentre outras. A questão aqui é que tudo isso é muito bom, mas se não buscarmos o nosso desenvolvimento pessoal, vamos ficar oscilando em externos e, mais cedo ou mais tarde, isso acaba nos enjoando.

Vejo pessoas empolgadas com os êxtases vividos, mergulhando de cabeça em tudo e em todos, mas não mergulham da mesma maneira em seus próprios interiores. Este é o cerne da questão. Ao inverterem seus focos apenas para os êxtases, acabam esquecendo de sei mesmas, de como estão realmente contextualizando-se no Tantra e com o Tantra.

Trato isso de forma simples: para mim, não é a pessoa que entra no Tantra. É o Tantra que entra na pessoa e, para que ele entre e permaneça, é fundamental que exista um ambiente interno que o permita. O Tantra é um remédio. Quem toma o remédio é a pessoa. Não é o remédio que toma a pessoa. Aqui abro um parêntese para observar que, como Tantra é um universo muito amplo, absorvemos parte dele, aquela que se encaixa em nós. O todo é humanamente difícil. Pessoalmente, penso ser impossível.

As pessoas podem participar de diversas práticas tântricas. Mas, é preciso que façam isso com calma, sem ansiedade e empolgação, buscando olhar constantemente para dentro de si, pois esse será o princípio do seu desenvolvimento. É assim que vão absorvendo o Tantra.

Além de olhar para dentro de si é preciso buscar se entender, inclusive com o Tantra. Ler sobre o Tantra é muito recomendável. Debater, argumentar é ouvir também. Encontrar pessoas que possam lhe orientar como fazer isso, é extremamente importante. Mas, o principal, é buscar a meditação. Sem meditação, fica muito complicado encontrar esse desenvolvimento, sendo bem realista. Só a meditação fará a pessoa viajar dentro do imenso universo que é o seu inteiror e se encontrar de fato. Sem meditação é o mesmo que enxugar gelo. Por isso, é importante ir com calma e se acalmar. Antes da meditação, é preciso estar em calmaria.

Não é só êxtase que conta. Tem muito mais no seu dia a dia, na sua vida. Êxtases são momentos. Eles chegam e passam. Precisamos saber aproveitar o que eles nos deixam, permanecendo com as energias deles fluindo em nós.

Todas as práticas tântricas são estimulantes. Os estímulos são importantes, mas eles não podem ser tratados como finalidades, mas sim como meios. É preciso ir adiante. É preciso se desenvolver.

 

Por Prem Prabhu