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Este artigo conta uma passagem da minha vida muito
interessante. Na verdade, uma experiência que poderá
servir para muitas pessoas:
Algumas coisas
intrigantes sempre acontecem na minha vida e
agradeço ao Universo por isso. Certa vez, a convite
de um grande amigo, participei de um evento de um
Guia Espiritual e vidente, daqueles bem famosos, que
cuida de artistas, personalidades políticas, dentre
outras celebridades.
Quando fomos
apresentados, conversamos rapidamente. Após o
evento, fomos jantar meu amigo, o Guia Espiritual e
eu, é claro. Durante o jantar, conversamos por
horas, só que com os dois a base de muito vinho, ou
seja, embriagados. Eu nunca gosto de conversas
espirituais, muito menos sobre Tantra, com bebida
alcoólica no meio. Não acho legal a energia que
rola, pois se falam muitas coisas que, por vezes,
são ruins, exageradas e totalmente desnecessárias.
À primeira vista, pensei: o homem deve ser
bom no que faz, pois, na época, este meu amigo
estava com a vida tranquila e em paz, também pelo
lado material, ainda que não aquela que tanto
almejava, vez que é uma pessoa muito ambiciosa, mas
que corre muito atrás dos seus objetivos. Outras
pessoas que estavam no evento falavam coisas
maravilhosas sobre o Guia.
Já tinha notado no
meu amigo e notei o mesmo nas outras pessoas que
estavam no evento: muitas repetições naquilo falavam
sobre ele e sobre o que ele pregava. Não gostei
muito daquilo, pois me sugeriu uma doutrinação,
digamos, excessiva. Acho até que foi isso, em
virtude do que meu amigo me falava, que motivou
minha presença ali. Sou curioso pra caramba!
Continuando, sobre o jantar, a base de muito vinho e
embriaguez dos dois, percebi o Guia Espiritual com
um Ego bem inflado. Falava muita besteira, por vezes
se achando Deus, ou seja, coisas que não combinavam
bem com uma pessoa que cuidava da espiritualidade de
pessoas, em minha opinião. Mas, ele já estava doidão
naquela altura e eu relevei. Afinal de contas, quem
nunca se sentiu poderoso e falou demais, de cara
cheia, não é mesmo? Deixei fluir!
Por
diversas vezes, percebi que ele tentou entrar no meu
mental, mesmo doidão, falando coisas a meu respeito
que não tinham nada a ver. Seja como for,
independente das besteiras exaradas pelo excesso de
vinho, o cara era bom de conversa, uma pessoa
agradável e muito cordial.
E é aquela
história: se as pessoas estavam felizes sendo
cuidadas espiritualmente por ele, quem sou eu para
dizer algo contrário, não é mesmo? Cada um deve
saber do seu caminho e com quem caminha.
Bem,
quase no final do jantar, ele me convidou para irá
até a casa que atende, que fica em outro Estado.
Convite aceito, e lá fui eu, pouco mais de um ano
após o convite. Aproveitei uma viagem de trabalho.
Meu amigo também pediu muito que eu fosse lá. Não
custava nada atender meu amigo e minha curiosidade.
Ao chegar na casa que ele atende, fui recebido
com um forte abraço, conversamos um pouco, e ele me
levou até uma sala e falou que queria ver como
estava minha espiritualidade para poder tratá-la.
Antes de começarmos a sessão, fiz um pedido sui
generis: que, por favor, não falasse nada sobre meu
futuro, porque não gosto que nada influencie no meu
presente, vez que sigo por caminhos conscientemente
livres e, saber o que está por vir, poderia, talvez,
fazer com que eu tomasse outros caminhos que
poderiam não dar em nada ou me levar a um lugar que
não queira ir. Não é por uma questão de crença, mas
sim de foro íntimo, esclareço. Enfim, meu futuro, a
mim pertence e sou quem irá desenhá-lo. Vai que, de
alguma forma, o que ele viesse a me falar
impregnasse minha mente. Nunca se sabe, né?
Ele deixou claro, pela expressão que fez, que não
tinha gostado nem um pouco do meu pedido. Paciência!
Percebi, durante a sessão, que ele tinha uma técnica
de jogar coisas genéricas sobre a vida e, de acordo
com o feedback da pessoa, ele entrava nos detalhes.
Estava diante de um homem muito inteligente que
conhece bem a mente humana.
A questão é que
eu estava ali como ouvinte, como observador. Eu não
dava os feedbacks que ele precisava, quando jogava
as coisas genéricas. Não estava ali tomado por
ansiedade, que é uma das grandes caraterísticas da
esmagadora maioria de pessoas que vão buscar apoio
espiritual. A minha tranquilidade ia deixando-o cada
vez mais ansioso e tenso. Diante da ansiedade, ele
começou a falar coisas totalmente desconexas com a
minha espiritualidade e realidade. Acabou a sessão,
ficamos conversando sobre outros assuntos, com ele
totalmente desconfortável.
A questão é que,
depois de colocar o Tantra na minha vida, fiz uma
busca espiritual enorme, de anos, até encontrar meu
equilíbrio. Foi uma busca consciente, com muita
humildade, para aprender. Tudo, de coração aberto e
com muito amor a mim mesmo.
Cuido da minha
espiritualidade com muita humildade e trabalho
diversos elementos de diversas origens religiosas,
sem ter religião, de acordo com o que preciso. O
Tantra que eu acredito é um conceito aberto e, por
isso, minha vida sempre está em aberto, porque hoje
sou um grande conceito aberto.
Tenho Osho
como minha base de orientação, mas, nem por isso,
concordo com tudo que ele disse, sendo que, um dos
grandes ensinamentos que ele nos deixou foi para não
termos Gurus! Acreditar neste ensinamento de Osho,
me obrigou a criar consciência sobre mim. Por hoje
(sem querer adivinhar o amanhã), posso afirmar que
sei dos meus pontos fracos, que não são poucos. Mas,
também sei meus pontos fortes.
Nem por isso,
desisti de ter uma pessoa que cuida, JUNTO COMIGO,
da minha espiritualidade. Mas, ele não é meu Guru e
a relação que temos é de compartilhamento, de amor.
Gosto e respeito demais aquele homem, um sábio, com
uma mediunidade inacreditável, mas que soube
entender o mesmo pedido sui generis que fiz ao Guia
do meu amigo.
O Tantra que eu absorvi me
disse que, antes de pensar em cuidar da
espiritualidade, preciso cuidar da minha mente,
ampliar a consciência que tenho sobre mim, me
conhecer, me aceitar e, principalmente, me amar
antes de tudo e todos. E que isso, ninguém vai me
ensinar; eu terei que fazer sozinho, pois é da minha
mais inteira responsabilidade. Logo, ao cuidar de
mim, cuido da minha espiritualidade.
Outro
ponto importante que o Tantra que eu absorvi me
mostrou, de forma muito cristalina, é que podemos
variar instantaneamente da tristeza ao êxtase e que
isso pode durar certo tempo, sendo alimentado pelo
externo. A questão é que, em curto prazo, o êxtase
vai embora, porque ele pertence ao mundo e não a
nós. Enquanto não nos buscarmos; enquanto não
acessarmos nossos interiores, sempre variaremos
neste sentido, numa espécie de círculo vicioso.
O Tantra me mostrou que preciso me estudar,
diariamente, para me conhecer, pois, só assim,
poderei conhecer as pessoas. Ou seja, quem não se
conhece, não pode conhecer ninguém, não há como. E
esse estudo que faço sobre mim, diariamente, não é
difícil, pois pode ser feito em 10 minutos, 20
minutos, uma hora ou mais, contando que seja em
estado de calmaria.
O Tantra também mostra
que, para tudo na vida, existe um processo positivo,
ou negativo. Nada que é existencial acontece de uma
hora para outra, nem para o bom e nem para o ruim.
Essa compreensão é importantíssima e eu poderia
facilmente citar aqui centenas de exemplos. Não
compreender que tudo precisa de um processo, nos
torna ansiosos, angustiados e pesados.
Isso
reforça o que mencionei acima, ou seja, se tudo que
é existencial faz parte de um processo, é
importantíssimo pararmos para nos observar e nos
estudarmos, diariamente, para que vivamos de fato o
processo e possamos escolher os caminhos que
seguiremos. Tem uma música de Milton Nascimento,
chamada “Caçador de Mim”. Posso dizer que sou um
caçador de mim, porque compreendi que preciso me
encontrar, todos os dias.
Você deve estar se
perguntando a esta altura, em que ponto desejo
chegar. Bem, eu acredito em espiritualidade, no
imaterial, em mediunidade. Contudo, como acredito
muito que somos Deuses e Deusas, também creio que
podemos nos equilibrar a partir de nós mesmos, das
nossas mentes, pois ela comanda nossos corpos e suas
funções vitais voluntárias e involuntárias, trazendo
bem-estar, que contagia nosso espírito, nossa alma e
atinge quem está perto de nós.
O que eu quero
defender aqui é que, antes de buscar alguém para
cuidar da sua espiritualidade, cuide do seu mental,
busque criar consciência sobre si, se conhecer, se
aceitar e, principalmente, se amar. Busque entender
até que ponto você contribuiu para o estado em que
se encontra. Tenha as suas respostas. Seja seu
grande apoio. Depois, busque sim, se você acreditar,
alguém, uma religião, ou linha religiosa que, JUNTO
COM VOCÊ, cuide da sua espiritualidade. Jamais
delegue a quem quer que seja a sua espiritualidade,
pois ela é de sua mais inteira responsabilidade.
Voltando à sessão que tive com o Guia Espiritual
do meu amigo, no mesmo dia, ele me ligou muito
chateado, porque eu teria destratado o homem que ele
buscou ser o apoio da sua vida. Ali vi fofoca e não
gostei muito, mas.... Não reagi ao que ele falou e,
por óbvio, nos afastamos, porque ele estava com o
Guia na mente dele.
Isso aconteceu há alguns
anos. Passaram-se alguns meses e este amigo me ligou
para conversar. Ele não estava mais com o Guia
Espiritual. Se desculpou pela forma com a qual me
tratou e eu preferi não falar sobre a reação dele
comigo, continuando como ouvinte e observador.
Também não quis saber os motivos que fizeram ele não
ter mais este Guia cuidando da sua espiritualidade,
até porque, não é tão difícil imaginar que
aconteceu.
Tenho visto no Tantra muitas
repetições de palavras e conceitos. Ainda estou
tentando concluir, até que ponto, a filosofia de
vida que tanto amo, que é tão viva, pragmática e
aberta está virando doutrinação.
Tudo que
buscamos, inclusive no Tantra, gira e precisa girar
em torno do amor-próprio, da energia do amor.
Autoconhecimento, ampliação da autoconsciência, e
autoaceitação são elementos contidos e necessários
ao amor-próprio.
Para finalizar, não estou
pedindo para ninguém ler Osho, muito menos para
escolher o Tantra como filosofia de vida. Estou
apenas compartilhando experiências! Cada pessoa
precisa entender o que é bom ou ruim para si, a
partir do despertar de seu amor-próprio.
Por Marcelo

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