Enxergar, escutar e tocar

 

Postado em 15 de maio de 2017

 

Não são os olhos que enxergam, não são os ouvidos que escutam e nem são as mãos que tocam. Somos nós que enxergamos através dos olhos; escutamos através dos ouvidos e, tocamos através das mãos. São instrumentos naturais que temos.

Precisamos adquirir esta consciência para seguirmos rumo aos nossos objetivos. Precisamos adquirir esta consciência para que possamos buscar e transmitir felicidade. Tudo depende de nós. Tudo parte de dentro de nós. Tudo ao nosso redor ocorre pelo que carregamos.

 



Meus olhos devem ter apenas a capacidade de permitir que eu veja minhas pacientes de forma cristalina. Eles me proporcionam apenas visão, como simples janelas. Todavia, se eu não estiver concentrado no que vejo, nã estiver ali com sinceridade e sentimento, de nada adiantará.

Embora não sejam significados rígidos, ver, na minha concepção é bem diferente de enxergar. Ver é superficial. Enxergar significa registrar, ter percepções. Os olhos, automaticamente, podem ver. Mas, enxergar, depende de nós, do que somos, do que carregamos por dentro. Dez poderão ver a mesma pessoa. Mas, não tenho dúvidas que, dentre esses 10, existirão diferenças no que irão enxergar. Então aqui está o ponto: eu preciso enxergar minhas pacientes.

O mesmo se aplica aos meus ouvidos, à minha audição. Nada mais que um instrumento por meio do qual eu posso simplesmente ouvir, como mero som, dentre tantos, que capto no dia a dia e não registro. Todavia, dependerá de mim criar e ter a capacidade de escutar, de captar o que está sendo ouvido para registrar as informações.

Existe, portanto, diferença entre ouvir e escutar. Ouvir remete à uma simples captação de som. Já escutar corresponde ao ato de ouvir com atenção. Ou seja, escutar é entender o que está sendo captado pela audição, mas, além disso, compreender e processar a informação internamente.

Em relação a tocar e ter contato físico, também carrego comigo que são coisas diferentes. Ter contato pode ser algo simples, tal como esbarrar em alguém, ou encostar até em um morto. Já tocar é algo totalmente diferente. O toque carrega percepções adquiridas dos atos de enxergar e escutar, de uma energia que se sente e, fundamentalmente, dos sentimentos que carregamos dentro de nós.

Como terapeuta tântrico eu toco minhas pacientes e isto é algo que vai muito além de um mero contato físico. Trata-se de uma resultante que envolve muitos fatores, sejam eles objetivos, sejam eles subjetivos. Contudo, um fator jamais poderá faltar: o sentimento de querer ver a pessoa feliz por meio dos meus toques. Tocar com verdade. Tocar com sinceridade.

Os instrumentos são naturais. A forma como vamos utilizá-los será definida com o que carregamos dentro de nós.

Este é mais um texto cuja proposta é refletir. Dentro dele estão contidas coisas que, embora possam parecer óbvias para algumas pessoas, não são percebidas como deveriam.

 

Por Marcelo (Prem Prabhu)