Fazer pelo semelhante sem esperar ou exigir nada

 
       
 

Estava conversando, há alguns anos, com um grande amigo que tem mais de 65 anos e muita experiência de vida. Falávamos sobre nos decepcionarmos com as pessoas. Ele estava triste e disse que, naquela altura do campeonato, teve duas grandes decepções recentes e que achava que tinha aprendido a se blindar disso. Óbvio que não tinha!

Disse que a questão da decepção está relacionado ao fato de que esperamos sempre algo das pessoas. Falei que não espero nada de ninguém e que, mesmo fazendo algo pelo meu semelhante, nada espero ou quero troca. Nem um muito obrigado, é meu objetivo obter, em que pese admirar pessoas educadas. Mencionei que o simples fato de querer e/ou exigir ouvir um muito obrigado, por si só, é uma expectativa excessiva, uma exigência de troca de favores ou bondades.

Na realidade, nesses anos fluindo o Tantra, aprendi a esperar muito de mim. É uma transformação incrível, processual e nada fácil. Mas, quando se consegue, é verdadeira e profundamente libertadora. Faço e continuarei a fazer o que for possível pelos meus semelhantes. Mas, sempre pelo simples fato de que desejo fazer e, tão importante quanto, ter condições de fazer.

Somos capazes apenas de fazer o nosso amor-próprio fluir. Não temos a capacidade de fazer os amores-próprios das outras pessoas fluírem, pois isso é algo que depende única e exclusivamente delas e que inclui o despertar de sentimentos por si. Há que se ter essa compreensão.

Por outro lado, precisamos dissociar o que é fluência de amor-próprio e o que é fluência do Ego. Você pode fluir apenas amor-próprio; você pode fluir apenas Ego, ou; você pode fluir os dois juntos. A questão é que, na minha experiência, o que realmente é importante é poder fluir amor-próprio.

Quando fluímos nosso amor-próprio em direção aos nossos semelhantes, começamos a criar critérios complexos, porque vamos desejar fazer por eles aquilo que faríamos por nós, porém, nos colocando em primeiro lugar.

Em síntese, fazer pelas pessoas, sem esperar absolutamente nada, além de ser libertador, torna as relações mais leves. Não há cobranças. Não há expectativas excessivas. Zero de ansiedade. Zero de angústias. Zero de rancor. Zero de mágoas. Zero necessidade de criar essas tais blindagens, que não existem de fato e são mentiras que plantamos nas nossas mentes.

Não nos faz bem pautar relações na base de trocas. Não podemos nos relacionar com nossos semelhantes num sistema de escambo, de permuta. Compartilhar o amor-próprio é entregar o que pode ser entregue e o que deve ser entregue, não deixando déficits em nossas vidas. Não há troca, logo, não há expectativa de retorno.

Reflitam, e não refutem!

 

 

Por Marcelo