A raiva é sua, resolva-a dentro de você

 

Postado em 28 de janeiro 2018

 


Antes de conhecer o Tantra, eu era um cara muito explosivo, um polarizador e gerador de conflitos. Muito disso por inseguranças, medos, expectativas frustradas, dentre outras coisas. Quando raiva me consumia, a despejava sobre a pessoa que me causava esse movimento de energia negativa interna. Sendo justo comigo mesmo, jamais despejei raiva aleatoriamente. Ela tinha endereço certo, mas, mesmo assim, pude verificar o quanto isso foi errado e ruim para minha vida. Quantas boas oportunidades perdi, as quais jamais foram recuperadas. Lancei flechas e descobri que flechas não voltam e que machucam muito quem fere e quem é ferido.

 



Para mim, a raiva não é um sentimento. É uma energia negativa que se movimenta fortemente dentro de nós e pode acontecer com qualquer um, comigo também, embora seja cada vez mais raro. Definitivamente, ainda não cheguei ao nível de eliminar essa possibilidade e, talvez nem chegue. Aliás, ouso a afirmar que só os mentirosos, ou os que querem se enganar, afirmam que estão 100% livres da raiva. Apenas aprendi, de forma progressiva e processual, a ter controle sobre ela, passando, principalmente, a não mais externá-la.

Dentro do princípio que vivo, sendo repetitivo no sentido de que tudo acontece vem de dentro para fora, verifiquei, seguindo os ensinamentos de Osho, que a energia raiva é algo que está dentro de mim, que me pertence e que, portanto, posso, sozinho, ter um bom controle sobre ela, ao longo do tempo. Não fico na paranoia de eliminá-la, mas apenas ter controle sobre ela. Controlar totalmente seria ótimo. Ter controle progressivo é bom. Sucede que, muitas vezes, o ótimo é inimigo do bom! Gosto de fazer tudo passo a passo, uma coisa de cada vez, sentindo e aprendendo cada processo.

Aprendi algo muito interessante: que podemos não externar nossa raiva e sim resolvê-la num ambiente totalmente nosso, no íntimo. Então, quando estou com raiva, me fecho e me isolo em mim mesmo ou, se for possível, dependendo da ocasião, em um ambiente e largo tudo que preciso largar, depois respiro, me concentro e me reconecto. Aprendi, com o tempo, com muito esforço e insistência, a dominar parte importante dessa energia, tão ruim, que pode definir aspectos importantíssimos da vida. Por questões de segundos, pode fazer desabar uma grande construção, acabar com amizades de uma vida inteira, relações e casamentos. Até ceifar vidas!

A raiva não é um sentimento que mora dentro de nós. Ele é o vendaval que formamos no nosso interior e que, em fração de segundos, pode varrer o que estiver pela frente. Falando objetivamente, já vi muitas pessoas amorosas serem consumidas momentaneamente pela raiva, pagando caro por isso até hoje, mesmo sendo pessoas que emanam muito amor. Não são pessoas de natureza ruim.

Todos nós temos o positivo e o negativo por dentro. Por mais que trabalhemos nossas energias positivas, nossa espiritualidade e autoconhecimento; por mais que estejamos 99,999999% positivados, precisamos ser vigilantes. Nada que é existencial é uma constante.

Quando externamos nossa raiva às pessoas, podemos entrar em um círculo vicioso sem fim. Na realidade, acabamos por propagar e levar às pessoas essa energia que, inevitavelmente, essas pessoas retornarão para nós. A coisa pode tomar um rumo muito ruim. Palavras não voltam atrás. Determinadas atitudes também não. Vale refletir.

O ano de 2018 está começando e estamos em um período em que as pessoas buscam refletir sobre os mais diversos aspectos da vida. Então, eu gostaria que este texto motivasse apenas reflexões em relação à raiva.

Não é um processo simples ter esse controle. Estou fazendo isso há alguns anos e não posso afirmar que consegui totalmente. Pelo menos hoje, posso dizer que há uns bons anos tenho vivido em paz comigo mesmo e com as pessoas; há alguns anos tenho vivido em harmonia interna e externa. Tem sido maravilhoso.

O caminho que escolhi para tratar desse sentimento foi lendo e absorvendo Osho. Mas, outros caminhos também são válidos. O importante é não externar, não explodir e não levar essa energia adiante, porque ele só gerará conflitos e, consequentemente, sentimentos ruins. A raiva não resolverá nada! É apenas uma energia nossa deve ser controlada por nós mesmos.

Não varra a raiva para debaixo do tapete. Enfrente-a dentro de você, pois ela é sua e, portanto, de sua inteira responsabilidade.

Se eu consegui, qualquer um pode conseguir. Basta prestar mais atenção ao seu interior. Basta olhar mais para dentro de si. Acredito ser este meu único diferencial, ou seja, eu me amo e amo olhar para dentro de mim. Ame-se também!

 

 

 

Por Prem Prabhu