|
|
|
A base da sexualidade pode ser aprendida em casa
Postado em 29 de janeiro 2018
Eu trabalho para que as mulheres sejam plenas, completas e
felizes. Para que sejam independentes, seguras, com
autoestima e amor-próprio nas alturas. Para que sejam
poderosas mesmo e se vejam como Deusas que são.
Este
objetivo do meu trabalho, nada mais é que um resultado de
uma vontade enorme que comecei a despertar em mim, anos
antes de ter o Tantra em minha vida. A vontade nasceu dentro
da minha casa, tendo como exemplo a minha mãe, uma grande
mulher, poderosa de fato, que sempre viveu a frente do seu
tempo sem se preocupar com a sociedade. Ela foi uma mulher
livre em todos os sentidos.

Meu pai partiu muito cedo, quando eu ainda era muito
criança e isso me levou conversar com ela sobre os mais
diversos assuntos, principalmente, sobre sexo. Lembro da
primeira conversa que tive com ela sobre o tema, eu ainda
muito novo. Ficamos até de madrugada e ela me explicando
tudo, respondendo todas as perguntas que eu fazia. Naquela
noite eu fui dormir mais leve, porque encontrei muita
coerência em tudo que ela me falou. Foi libertador para mim.
Sempre andei com amigos de mais idade e,
inevitavelmente, os temas dominantes eram sempre mulheres e
sexo. Naquela época, nunca fui muito externar minhas
opiniões nessas conversas, porque não sabia nada e porque
nunca tinha vivido a experiência e, mesmo depois que comecei
a me aprofundar no tema, mantive o silêncio, porque
pouquíssimas coisas que eles falavam encontravam coerências
com as conversas que tinha com a minha mãe. Preferi me
pautar pela minha mãe obviamente e, de vez em quando,
debatia com ela sobre as conversas dos amigos.
Um
belo dia, poucos meses depois que comecei a conversar sobre
sexo com ela, a questionei sobre as revistas de mulheres
peladas e as pornôs. Ela me disse que seu eu quisesse
tê-las, ela mesma compraria. Só que ela indagou que ler
sobre sexo, seria muito interessante também, pois
trabalharia minha mente e isso permitiria que meus sentidos
se desenvolvessem melhor e que as revistas apenas
trabalhariam meu lado visual, dando vazão apenas a um
sentido, quando temos 04 a mais para desenvolver. Ela sempre
incentivou a leitura, inclusive sobre sexo. E isso fez com
que meu padrão de excitação, naqueles momentos de garoto,
que jamais acabam, fosse infinitamente maior lendo contos
eróticos e outros textos, do que vendo pornografia.
Ela me ensinou muitas coisas, sob uma ótica feminina, porém,
com muito equilíbrio, pelo fato de eu ser homem, obviamente.
Não aprendi a ser um romântico, ou um príncipe encantado.
Aprendi a ser gentil, carinhoso e a respeitar as mulheres,
independentemente de qualquer coisa, ou situação. Não fui um
jovem que gostava de relacionamentos e namoros. Queria viver
minha vida totalmente para mim, sendo que o tempo para dar
atenção a uma mulher, o tempo que uma mulher merece, eu não
tinha, pois, como comecei a trabalhar muito cedo, aos 14
anos e ainda tinha que estudar e fazer outras atividades.
Conheci muitas mulheres na minha juventude e, mesmo não
namorando, as tratei com muito amor, sempre com muita
transparência. Sempre dei a opção delas quererem viver, ou
não, aqueles momentos comigo.
Fui um jovem que sempre
teve muitas amigas. Em certa altura, perto dos meus 15 ou 16
anos, tinha em meus círculos de amizades mais mulheres do
que homens. Hoje penso que isso só foi possível, porque
desenvolvi em mim, mesmo sem técnicas, outros sentidos no
que diz respeito à minha sexualidade. Isso graças à minha
mãe.
Em 2001, aos 26 anos, conheci o Tantra. Na
realidade, encontrei um caminho em que pude organizar,
aprimorar e expandir, dentro de mim, tudo aquilo que minha
mãe me ensinou nas nossas diversas e longas conversas. Ao
longo do tempo, tudo foi se abrindo e encaixando melhor. É
óbvio que me atrapalhei algumas vezes nos 3 ou 4 anos
iniciais, mas acredito que isso fez parte de um processo de
aprendizado e amadurecimento.
Muito do que minha mãe
me ensinou sobre sexo, encontrava identidade com princípios
do Tantra, objetivamente e subjetivamente. Achei aquilo
incrível, pois ela nunca tinha ido ao Tantra, ou lido sobre.
Cheguei à incrível conclusão de que minha mãe orientou minha
sexualidade, não apenas minha vida sexual e que tudo que ela
me passou teve influência em diversos aspectos da minha
vida.
Lembro que minha mãe falava que tinha muito
diálogo sobre sexo com meu pai. E que isso a fez muito bem
nos 07 anos que foram casados. Ela dizia que meu pai tinha
uma mente muito aberta e que os dois se sentiam livres para
falar sobre tudo e que, a liberdade que o diálogo sobre sexo
traz para um casal, se expande para todas as áreas da vida.
Ela dizia que nenhum assunto ficava pendente entre eles,
seja qual tema fosse.
Por isso que, unindo o que
aprendi no Tantra, com o que aprendi em casa, afirmo que o
diálogo entre os casais não ajuda a tornar apenas a vida a
dois mais feliz. Quando se tem filhos, ajuda a construir a
sexualidade de futuras mulheres e homens em bases sólidas de
liberdade, sem amarras e muita responsabilidade. Certamente,
o futuro será mais feliz. É fundamental que as mães
participem da educação sexualidade dos meninos e futuros
homens. Porque isso passa somar para que as mulheres sejam
mais livres. Aliás, é fundamental que pais e mães dialoguem
com seus filhos, independente do sexo. A base sexualidade
pode ser aprendida em casa. Vale refletir!
Quebrem
tabus e paradigmas e comecem a dialogar! O diálogo é
libertador e se propaga de geração em geração. Quando ele
começa, não tem mais fim!
Nada na minha vida
aconteceu à toa. Não caí no Tantra de paraquedas. Não optei
ser terapeuta, simplesmente, por optar. Sei que ajudo, como
mero instrumento, a tornar a vida de muitas pessoas mais
feliz.
Gosto de compartilhar minhas experiências de
vida. Mas, não interprete este texto como se fosse algo
linear. Afinal de contas, a vida tem suas nuances naturais
e, fatalmente, as experiências serão diferentes, vez que
ninguém é igual a ninguém.
Enfim, como diz Sri Prem
Baba: "Se você quer saber onde está a sua vida, olhe para a
sua sexualidade".
Por Prem Prabhu
|
|
|
|