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As pessoas vivem repetindo que não devemos desistir;
que precisamos insistir, pois esse é o segredo dos
vencedores. Concordo, em parte, porque creio que
devemos ter muita cautela ao levar isso como verdade
absoluta.
A questão é que precisamos avaliar
no que, ou em quem (falando de relações), estamos
insistindo, para não passarmos uma vida, ou parte
importante dela, sem chegarmos a lugar algum,
colecionando vazios, frustrações e tristezas. E isso
vale para a vida pessoal e a profissional.
Levar a insistência em alguém, ou em algo, como
verdade absoluta pode causar problemas e deixar
sequelas, porque, eventualmente, pode afetar nossas
autoestimas, autoconfianças, autoaceitações e
amores-próprios.
Muitas vezes nos limitamos,
acreditando que apenas aquela coisa ou aquele alguém
é o caminho certo. Isso acontece quando deixamos de
prestar atenção em nós mesmos e não nos permitimos
constatar que a vida nos oferece um leque enorme de
possibilidades. Ou seja, se não está indo bem aqui,
nada impede que vá maravilhosamente bem ali.
Inevitavelmente, criamos zonas de conforto muito
ruins para nossas vidas.
Não devemos apenas
colocar nossas emoções nas nossas tentativas, pois
somos criaturas que também carregam razão, e a razão
é para ser usada sim. Até no amor existe razão,
principalmente para que tenhamos amor-próprio.
Precisamos buscar coerência entre razão e emoção,
bem como entre o material e o imaterial, pois somos
unidades.
Certo dia, conversava com uma
pessoa amiga, que também está inserida no Tantra, e
ela me descreveu certa infelicidade. Disse ter
recebido diversos diagnósticos, envolvendo
espiritualidade, chakras, kundalini, dentre outros.
Disse que se tratou e nada mudou!
Falei que
acredito que muitos problemas realmente tenham
origem nessas questões de energia, até porque, se
não acreditasse, não poderia sequer aplicar a
massagem tântrica nas pessoas. Contudo, mesmo
acreditando nas energias, não acredito que isso seja
uma verdade absoluta para tudo e todos. Sim, tudo é
energia. Mas, precisamos nos atentar ao fato de que
nossas mentes são capazes de influenciar
sobremaneira nas nossas energias.
Nossas
vidas tomam rumos diferentes daqueles que desejamos,
porque nossas atitudes e decisões não são tomadas
equilibrando razão e emoção ou, até mesmo, com mais
razão, quando necessário. Às vezes é necessário usar
mais a razão sim, principalmente, para nos blindar
de muitas externalidades negativas.
A razão
nos mostra os pontos certos e errados. Ele está
dentro de cada um de nós. Até nos momentos de grande
euforia ou ira; nos momentos de irracionalidade, a
razão nos manda mensagens. A razão nos avisa até que
ponto devemos insistir. A questão é que, como não
nos voltamos para nossos interiores, vivendo para
fora a maior parte do tempo, sem filtrar o que
absorvemos, muitas vezes, não sabemos separar a
razão do medo ou insegurança. E é exatamente neste
ponto que deixamos de tomar as decisões necessárias.
Afirmei que uma das coisas que mais atrapalham o
uso da razão é a ansiedade. E as pessoas estão cada
vez mais ansiosas. A ansiedade é um mal.
Terminamos a conversa, com ela meio chateada comigo,
porque racionalizei o fato de ela estar insistindo
em algo, como se estivesse enxugando gelo. Ela
estava apegada naquilo que insistia. Em um dado
momento, percebi que ela se tocou de alguma coisa.
As pessoas precisam de um tempo para absorver
informações e, certamente, ela encontrará suas
respostas.
O Tantra que eu acredito e tenho
como prática de vida, que também levo às pessoas,
tem equilíbrio e, portanto, também tem razão. O ser
humano só acredita de fato naquilo que ele sente
coerência. Não falo de ceticismo. Falo de coerência,
pois até o imaterial é coerente. As energias são
coerentes.
Aprendi a fazer um exercício
diário de razão, para me chamar à razão, de forma a
me equilibrar minimamente, pois sou muito emoção.
Diariamente, em estado de calmaria, paro e me
pergunto: Sou feliz? Estou fazendo o que é certo
para minha felicidade?
Hoje em dia,
costumeiramente, me faço apenas estas duas
perguntas. De vez enquanto outras. Só que, lá no
início, a quantidade era bem maior. As perguntas
eram mais detalhistas. Experimente se fazer
perguntas diariamente e buscar suas respostas. É
muito bom e eu indico.
O que posso dizer é
que o hábito de me fazer perguntas fez com que
conseguisse tomar decisões importantes para a minha
vida. Isso não quer dizer que esteja livre de errar,
até porque tomei e ainda tomarei decisões erradas,
porque faz pare da vida. Mas, fazendo assim,
minimizei os erros, acreditem.
Penso que
precisamos nos chamar à razão e estimular as pessoas
buscaram suas razões, pois a falta de respostas nas
nossas buscas só causam ansiedades e angústias,
detonando nossos emocionais, impedindo que exerçamos
nossas razões. E isso é péssimo para a amente, corpo
e espiritualidade. Aliás, para tudo.
Não
deixe de insistir na sua felicidade. Apenas não se
apague ao meio. Mudar a forma de atingir a
felicidade não é um recuo ou retrocesso. Quando se
percebe que é necessário, é o mais inteligente da
sua parte.
Por Marcelo

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