Insistir: Até que ponto vale a pena?

 
       
 

As pessoas vivem repetindo que não devemos desistir; que precisamos insistir, pois esse é o segredo dos vencedores. Concordo, em parte, porque creio que devemos ter muita cautela ao levar isso como verdade absoluta.

A questão é que precisamos avaliar no que, ou em quem (falando de relações), estamos insistindo, para não passarmos uma vida, ou parte importante dela, sem chegarmos a lugar algum, colecionando vazios, frustrações e tristezas. E isso vale para a vida pessoal e a profissional.

Levar a insistência em alguém, ou em algo, como verdade absoluta pode causar problemas e deixar sequelas, porque, eventualmente, pode afetar nossas autoestimas, autoconfianças, autoaceitações e amores-próprios.

Muitas vezes nos limitamos, acreditando que apenas aquela coisa ou aquele alguém é o caminho certo. Isso acontece quando deixamos de prestar atenção em nós mesmos e não nos permitimos constatar que a vida nos oferece um leque enorme de possibilidades. Ou seja, se não está indo bem aqui, nada impede que vá maravilhosamente bem ali. Inevitavelmente, criamos zonas de conforto muito ruins para nossas vidas.

Não devemos apenas colocar nossas emoções nas nossas tentativas, pois somos criaturas que também carregam razão, e a razão é para ser usada sim. Até no amor existe razão, principalmente para que tenhamos amor-próprio. Precisamos buscar coerência entre razão e emoção, bem como entre o material e o imaterial, pois somos unidades.

Certo dia, conversava com uma pessoa amiga, que também está inserida no Tantra, e ela me descreveu certa infelicidade. Disse ter recebido diversos diagnósticos, envolvendo espiritualidade, chakras, kundalini, dentre outros. Disse que se tratou e nada mudou!

Falei que acredito que muitos problemas realmente tenham origem nessas questões de energia, até porque, se não acreditasse, não poderia sequer aplicar a massagem tântrica nas pessoas. Contudo, mesmo acreditando nas energias, não acredito que isso seja uma verdade absoluta para tudo e todos. Sim, tudo é energia. Mas, precisamos nos atentar ao fato de que nossas mentes são capazes de influenciar sobremaneira nas nossas energias.

Nossas vidas tomam rumos diferentes daqueles que desejamos, porque nossas atitudes e decisões não são tomadas equilibrando razão e emoção ou, até mesmo, com mais razão, quando necessário. Às vezes é necessário usar mais a razão sim, principalmente, para nos blindar de muitas externalidades negativas.

A razão nos mostra os pontos certos e errados. Ele está dentro de cada um de nós. Até nos momentos de grande euforia ou ira; nos momentos de irracionalidade, a razão nos manda mensagens. A razão nos avisa até que ponto devemos insistir. A questão é que, como não nos voltamos para nossos interiores, vivendo para fora a maior parte do tempo, sem filtrar o que absorvemos, muitas vezes, não sabemos separar a razão do medo ou insegurança. E é exatamente neste ponto que deixamos de tomar as decisões necessárias.

Afirmei que uma das coisas que mais atrapalham o uso da razão é a ansiedade. E as pessoas estão cada vez mais ansiosas. A ansiedade é um mal.

Terminamos a conversa, com ela meio chateada comigo, porque racionalizei o fato de ela estar insistindo em algo, como se estivesse enxugando gelo. Ela estava apegada naquilo que insistia. Em um dado momento, percebi que ela se tocou de alguma coisa. As pessoas precisam de um tempo para absorver informações e, certamente, ela encontrará suas respostas.

O Tantra que eu acredito e tenho como prática de vida, que também levo às pessoas, tem equilíbrio e, portanto, também tem razão. O ser humano só acredita de fato naquilo que ele sente coerência. Não falo de ceticismo. Falo de coerência, pois até o imaterial é coerente. As energias são coerentes.

Aprendi a fazer um exercício diário de razão, para me chamar à razão, de forma a me equilibrar minimamente, pois sou muito emoção. Diariamente, em estado de calmaria, paro e me pergunto: Sou feliz? Estou fazendo o que é certo para minha felicidade?

Hoje em dia, costumeiramente, me faço apenas estas duas perguntas. De vez enquanto outras. Só que, lá no início, a quantidade era bem maior. As perguntas eram mais detalhistas. Experimente se fazer perguntas diariamente e buscar suas respostas. É muito bom e eu indico.

O que posso dizer é que o hábito de me fazer perguntas fez com que conseguisse tomar decisões importantes para a minha vida. Isso não quer dizer que esteja livre de errar, até porque tomei e ainda tomarei decisões erradas, porque faz pare da vida. Mas, fazendo assim, minimizei os erros, acreditem.

Penso que precisamos nos chamar à razão e estimular as pessoas buscaram suas razões, pois a falta de respostas nas nossas buscas só causam ansiedades e angústias, detonando nossos emocionais, impedindo que exerçamos nossas razões. E isso é péssimo para a amente, corpo e espiritualidade. Aliás, para tudo.

Não deixe de insistir na sua felicidade. Apenas não se apague ao meio. Mudar a forma de atingir a felicidade não é um recuo ou retrocesso. Quando se percebe que é necessário, é o mais inteligente da sua parte.

 

 Por Marcelo