Exercício para calmaria e auto-observação. Funciona!

 
       
 

Antes de começar, gostaria de dizer, para quem tiver paciência de ler o texto, que estou à disposição para tirar dúvidas.

(A imagem que escolhi para publicação é justamente o relato de uma mulher que escolheu seguir minha sugestão e, em poucos dias, obteve muitos resultados).

 

 


Quando comecei a me inserir neste universo incrível do Tantra, muito motivado pelas leituras dos livros de Osho e pelo convívio com pessoas que carregavam essa linha de pensamento, percebi que duas coisas seriam importantes para minha vida: a calmaria e a auto-observação.

Meditar, naquela época, era algo complexo e distante para mim. Mas, entrar em calmaria era um processo mais simples e muito eficaz e possível. Sempre entendi que a meditação, independentemente do nível, deveria ser precedida de calmaria. Logo, não criei a obrigação de meditar, somente criei uma vontade enorme e forte de me acalmar e, com isso, controlar minha ansiedade de forma a viver em um mundo mais real. Quanto mais real é o mundo que vivemos, mais calmo e leve ele é. Viver em um mundo real não significa deixar de sonhar. Uma coisa não tem a ver com a outra. Aliás, os sonhos e ideais de vida melhoram muito com a calmaria.

Então, meu primeiro e mais importante passo, simples, porém extremamente importante, foi o de buscar a calmaria, diariamente, exercitando, levando a sério, sabendo que deveria passar por um processo, em que a paciência comigo mesmo (a autopaciência) seria fundamental, até que, de fato, pudesse ficar realmente calmo.

Não entrei nessa vibração querendo ser uma pessoa 100% calma. Entrei para que a base; para que o contexto da minha vida fosse calmo, porque, como sempre digo, nada nem ninguém é 100%. Mas, verifiquei que, se o contexto da vida for a calmaria, mesmo em momentos tensos, a capacidade de controle aumentaria e, com efeito, deixaria de ser uma pessoa ansiosa, nervosa, angustiada, estressada, tornando tudo mais cristalino e leve. Uma das coisas que nos deixa mais ansiosos é não conseguir enxergar a nossa vida de forma clara, dando a sensação de que estamos perdidos e à deriva.

A auto-observação foi um elemento que inseri após a calmaria ser realmente um contexto; uma base na minha vida. Quando passei a ficar mais calmo, aos poucos, comecei a olhar para mim, a ver como eu estava me inserindo no mundo, em que ponto estava a minha vida. Comecei a me amar mais, a dar mais valor a quem de fato sou. Nesse processo, comecei a ficar feliz com a minha vida, principalmente pelo fato de estar vivo e com saúde. Passei a reclamar menos e a agradecer mais. Ou seja, iniciando outro processo de me tornar uma pessoa grata; de me tornar gratidão, pois, quando estamos agradecendo, estamos em um ambiente de êxtase, onde a tristeza não entra.

Comecei a olhar mais para dentro de mim; a olhar para mais para o meu todo, sem me particionar. Isso, aumentou minha conexão comigo mesmo. Porém, observo que nunca perdi a conexão com meu EU, porque isso é impossível. Contudo, percebi o quanto é importante aumentá-la diariamente e mantê-la forte.

Aqui, também gostaria de observar que tudo que mencionei e que mencionarei são questões diárias. No início você vai ter que se esforçar, se policiar, mas, com o tempo, de tão bom que é, passar a fazer parte do seu hábito diário, uma necessidade de se alimentar. E realmente é um alimento.

Sempre carreguei comigo a certeza de que somos seres processuais e que estamos constantemente passando por processos de transformação. Certamente, hoje, somos diferentes de ontem. Muito ou pouco, dependendo da vida que cada um escolhe levar e da medida que cada pessoa tem, mas o fato é que diariamente mudamos.

A partir da constatação se que sempre estamos nos transformando, vi que as minhas transformações ocorriam sem que eu parasse e calmamente as percebesse; sem que eu as observasse; sem que eu as apreciasse e escolhesse os caminhos delas. Era passivo com as minhas transformações.

Uma parte até engraçada deste processo, foi que, lá em 2002, quando o Brasil ganhou a Copa do Mundo e todos cantavam aquele pagode gravado pelo Zeca Pagodinho, cujo refrão tinha uma parte que dizia assim: "Deixa a vida me levar, vida leva eu". Eu me perguntei: É a vida que me leva, que me conduz, ou sou eu que tenho que conduzir a minha vida?

Não só pela música, é claro, mas percebi que tinha que ser o protagonista da minha vida e, para tal, teria que assumir o papel principal dos meus processos de transformação. Não dava para deixar quem eu seria nos dias, semanas, meses e anos seguintes correr de forma solta, passiva, sem que tivesse consciência mínima do que estava acontecendo. Não poderia me tornar um resultado do acaso e do destino. Precisava ser consciente de tudo.

Nada aconteceu de uma hora para outra. Conheci o Tantra em fevereiro de 2001 e essas percepções de que deveria me acalmar e me observar, para saber constantemente em que ponto eu estava, começaram a tomar forma em mim em meados de 2002, por isso o link com o pagode.

Ou seja, pelo menos um ano e meio de processo até chegar às conclusões que cheguei. Mas, consegui ser perseverante e achar a minha forma de entrar diariamente em calmaria e passar a me observar de forma mais cristalina. Creiam, a calmaria tira a nuvem cinzenta que não permite que nos olhemos com clareza. E precisamos nos enxergar de forma clara, se desejamos ter autoconhecimento, ampliação da autoconfiança, autoestima e amor-próprio e todos os elementos que acharmos nesse processo.

Um detalhe importante é a questão de resultado. Hoje, como era naquela época, embora em menor escala, somos induzidos constantemente ao resultado. Muito dessa indução vem de palavras fáceis, decoradas, sem que nos expliquem os meios. Ou seja, sem a fundamentação; Hoje, mais do que na aquela época, está se trabalhando disjuntores de liga e desliga nas pessoas, como se isso fosse, subitamente, transformar a alguém. Minhas vivências, minas experiências internas, assim como aquelas que passei com muitas pessoas, me dizem que não é tão simples assim.

Então, decidi usar a calmaria e auto-observação como meios. Compreendi que, se somos seres processuais; se passamos por processos constantes, jamais teríamos um resultado final, do ponto de vista existencial. Então, verifiquei que tudo na vida é um resultado parcial, pois a gente nunca sabe quando vai acabar, qual o nosso limite e com será o amanhã. Não existe resultado final no plano existencial. O resultado final virá quando deixarmos de existir, ou seja, quando morrermos. Enquanto há vida, tudo é processual, transitório oscilante e de resultados parciais.

Acredito muito nos polos positivos e negativos da mente. Mas, essa é uma crença terciária, neste contexto. A crença secundária está no poder da mente. Já a primária está no poder que temos sobre a nossa mente. Nem todos nascem com esse poder primário, aliás a minoria nasce. A maioria esmagadora, grupo que faço parte, precisa desenvolver isso processualmente e não existe esse tal disjuntos de liga e desliga. A consciência das pessoas só desperta para algo, quando esse algo está fundamentado, quando se encontra uma razão.

Fiz questão de fazer essa introdução, para apresentar uma proposta de exercício de calmaria e auto-observação. Afinal de contas, não basta propor o exercício. É necessário fundamentá-lo. Vamos a ele. É simples, objetivo e funcionou comigo e para quem passei:

De manhã, após o sono, nossa mente está descansada. Quando despertamos, normalmente, ainda ficamos naquele estado de sonolência. Este estado não é o ideal para a prática da calmaria e auto-observação.

Então, assim que você se levantar, evite conversar com as pessoas (de bom dia, é claro rsrs) tome um banho, tome seu café da manhã (se quiser), mas bem leve para o corpo não ficar pesado. Não olhe celular, redes sociais, WhatsApp, notícias nem nada que vai tirar seu foco. Bem, neste ponto, você já despertou

Uma vez que tenha despertado, você vai separar apenas 15 minutos. Pode até colocar um despertados para tocar suavemente dentro deste tempo. O ideal é que não coloque. Então você vai escolher um lugar calmo, de preferência onde esteja sozinha. Vai deitar ou se sentar, contando que seja uma posição muito confortável, que permita que relaxe. Você pode colocar ao fundo ou em fone de ouvido, com som de médio para baixo, músicas calmas, com sons da natureza, sons te cristais etc. Músicas tântricas são excelentes, uma dica.

Nessa posição confortável, você fechará os olhos e não irá abri-los por 15 minutos (compromisso). Com os olhos fechados, você trabalhará sua respiração em movimentos lentos e longos de inspirar pelo nariz e expirar pela boca.

No início, inspire lentamente e solte o ar com mais lentidão que na inspiração. Qual expirar, sinta seu corpo esvaziar de ar lentamente, até que consiga sentir o esvaziamento lá no seu diafragma. Com o tempo, sem pressa, sentindo seu diafragma esvaziando, você vai começar a tentar puxar o ar, começando pelo diafragma e não mais pelo peito. Eu disse com o tempo. O começo, repito, é apenas expirar o ar, sentindo o corpo esvaziar, até o diafragma. O objetivo é atingir a respiração diafragmática, porque a respiração peitoral é ansiosa. Mas, tem que ter calma para atingir este objetivo, pois isso é um processo.

Durante esse processo respiratório, tente, aos poucos, dia após dia, esvaziar a mente. No início, pensamentos virão, mas, aos poucos, você vai cortando-os. O importante é manter-se firma no propósito de fechar os olhos e respirar, da forma acima descrita.

Faça isso por 30 dias, diariamente. Você perceberá que a calmaria começará a tomar conta do seu interior. Quando sentir que estiver realmente se acalmando, consciente, nos 5 minutos finais, inicie um processo de auto-observação, pensando em você, desejando o melhor para você, agradecendo ser quem você é, percebendo o quanto dar atenção a si é importante e o quanto você é importante. Isso vai aumentar sua conexão. Quando esta parte começar, você estará dando início ao processo de se auto-observar e isso vai evoluir.

A evolução disso é que você começará a traçar seu dia, com consciência de quem você e com conclusões sólidas do quanto importante você é.

Três coisas importantes. Caso você não more sozinha, converse em casa para que não te chamem, não falem alto e não façam barulho neste seu momento. E desligue o celular ou o coloque no modo silencioso também. Nos 30 primeiros dias, faça diariamente, esforce-se. Sei que terá um dia ou outro que não será possível, mas isso tem que ser exceção da exceção. Retorne no dia seguinte. Mantenha os 15 minutos, no mínimo por 90 dias. Depois, bem aos poucos, se desejar, aumente o tempo.

Busque nesse período sentir seu amor-próprio. Se vier sentimento de culpa, perdoe-se e dê um fim nisso. Seja gratidão a você neste momento. Agradeça a você. Encha-se de gratidão. Sinta segurança em ser quem você é. Sinta orgulho em ser quem você. Elogie-se. Valorize o que tem de bom. Jogue sua mente para o positivo nestes 15 minutos de calmaria, principalmente no início. Com o tempo, conforme você for se exercitando, todas essas coisas boas acontecerão naturalmente, pois você terá se habituado a elas e não vai mais querer deixá-las adormecidas. Eles estão em você e sempre estiveram. Esse exercício apenas irá acordá-las.

Durante o dia, procure filtrar o que você vai absorver do que te falam e/ou do que fazem direta ou indiretamente com você. Já escrevi sobre isso. Não dê feedback às provocações. Se ouvir uma história triste ou souber de algo triste de alguém, por mais próxima que seja a pessoa, dê graças a Deus de que não aconteceu com você. Não sem envolva emocionalmente, com profundidade, em nada que não te diga respeito, até porque, se alguém precisar da sua ajuda, não será com o emocional a flor da pele que sua ajuda será dada.

Enfim, este pequeno exercício poderá levar você a um caminho de meditação verdadeira. Mas, é sua escolha se vai por este caminho e até o ponto que irá.

 

 

Por Marcelo