Eterno paciente


O dia 10 de fevereiro não é um dia especial apenas porque é meu aniversário. Foi neste dia, há praticamente 16 anos, no periodo que estava morando em São Paulo, em um momento extremamente complicado, que recebi pela primeira vez a massagem tântrica. Lembro muito bem, como se fosse hoje, que estava muito tenso mesmo, com os nervos quase explodindo, que decidi tirar aquele dia só para mim, já que era um sábado e eu não precisava me escravizar no trabalho. Normalmente, trabalharia parte do sábado, mas chutei o balde. Jamais tinha chutado antes.

 


Já tinha ouvido falar da masssgem tântrica por um dos moradores do apart hotel que morava e que ficou muito meu amigo. Ele já tinha me dado o telefone do grupo de Tantra, mas confesso que tinha amassado o papel e jogado fora. Naquele dia de manhã eu encontrei com ele e lembrei da Massagem. Pedi o telefone novamente e ele me deu. Liguei, pedi para ser atendido, só que não tinha horário. Insisti muito e contei meu problema, afirmando que precisava dar uma desligada, pois, do contrário, iria pirar (e iria mesmo). Sensibilizei quem viria ser minha grande amiga da vida e professora e ela conseguiu que uma das terapeutas do grupo me atendesse na parte da tarde no Morumbi.


Ao chegar ao local de atendimento, fui recebido com muito afeto. Cheguei a estranhar, pois não estava muito acostumado com aquele tipo de tratamento tão carinhoso. Começamos a conversar. Quase uma hora de conversa. Consegui finalmente me abrir (tinha dificuldades de expor minhas fraquezas, pois era a arrogância em pessoa), explicar minhas angústias e o que me motivava estar ali.


Tomei um banho quente, deitei e começamos a trabalhar a respiração com os olhos fechados. Levei mais de meia hora para começar a entrar em mim e, de forma consciente, minha mente foi se esvaziando, expulsando as externalidades negativas. Mergulhei em em mim, como jamais poderia imaginar ser possível. Foi algo sensacional, passando por diversas sensações e emoções, com extrema profundidade. Até hoje não consigo descrever aquele momento e tudo que senti. Foi incrível. Ao final, sequer conseguia abrir os olhos. Na verdade não queria abri-los. Queria que aquele momento se eternizasse. Abri os olhos com dificuldade. Fiquei ainda uns 15 ou 20 minutos deitado após a massagem. Levantei ainda tonto do verdadeiro estado de transe que tinha entrado.


Tomei um banho e fui embora com a sessão marcada para a semana seguinte. Saí leve! Com sensação de tinha deixado uma mochila de 50 quilos que pesava sobre minhas costas, ombros e pescoço. Tinha planos de fazer uma baita noitada naquele dia. Voltei para o apart no início da noite. Fui tirar um cochilo e apaguei. Dormi 12 horas seguidas, praticamente.


No dia seguinte estava inteiro, leve demais e sentindo aquelas energias fluindo ainda em mim. Sentia momentos incríveis. Estágios de excitação e êxtase ímpares, que duraram alguns dias.


E lá se vão quase 16 anos como paciente. Nunca perderei esta condição. Não consigo ficar mais de 15 dias sem receber a massagem. Passado alguns meses, decidi me aprofundar e não mais parei. Em março completarei 14 anos aplicando a massagem, vivendo parte da minha vida neste universo incrível que me fez (faz e fará) descobrir coisas inimagináveis dentro de mim, que me possibilitou (possibilita e possibilitará) ter cada vez mais conhecimento sobre mim.
 

Por Marcelo (Prem Prabhu)