Anorgasmia

(ausência de orgasmos) Parte II

 
       
 

Quando trato de pacientes com casos anorgasmia, independentemente do tipo, sem sombra de dúvidas, é necessário atenção mais que especial.

Já tive sessões que levaram mais de 3 horas, algumas mais de 3 horas e meia. O tempo não importa. O importante é estimular para que as mulheres tenham as respostas que tanto desejam, de forma que possam se libertar deste peso e buscar seus caminhos de felicidade.

Aprendi que quando recebemos uma paciente com este tipo de questão, geralmente, existem muitas expectativas e muitíssimas ansiedades envolvidas. Só que, ao mesmo tempo, existe por parte das pacientes muita desconfiança de que a massagem tântrica dará as respostas que elas tanto desejam, vez que estamos tratando de algo que as acompanha durante anos, décadas e até por uma vida inteira.

De fato, a anorgasmia cria um ambiente não propício, mas que pode ser perfeitamente revertido. Devo lembrar que, se para o terapeuta a anorgasmia é uma questão, na cabeça das pacientes ela é sim um problema que precisa começar a ser diluído com conversas. É necessário que o terapeuta saiba que quem vive a anorgasmia é a paciente e não ele.

Como reverter este ambiente não propício?

O primeiro passo é sim saber conversar com as pacientes. Levar até elas a verdade. E a verdade é que a anorgasmia não é um problema, mas sim uma questão relevante que precisa de respostas. O terapeuta precisa entender que as pacientes vivem em uma sociedade ruim e que quase metade das mulheres sofrem com algum tipo de anorgasmia, mas não falam e não são estimuladas a buscarem respostas. E ainda tem algumas que afirmam para outras terem prazeres infinitos, quando, na verdade, não os têm ou, quando os têm, são bem abaixo do que desejariam. Inevitavelmente, este fato faz a paciente sentir-se um peixe fora d'água. Vivemos uma sociedade que não nos estimula a olhar para nossos interiores e que é especialista na vida alheia.

A conversa precisa ser sincera e tranquila, permitindo que a paciente se abra, objetivando diluir tudo aquilo de negativo que o mundo externo faz questão de inundar nossas mentes. O terapeuta precisa buscar sinergia com a paciente, porque ela vem fechada, na defensiva. É preciso, como exposto acima, diluir os aspectos negativos, as ansiedades e as expectativas excessivas. É preciso fazer com que a paciente entenda que ela precisa deixar as coisas fluírem com naturalidade. Para tal, a confiança no terapeuta é fundamental.

Segundo, é necessário focar muito na respiração, induzindo a paciente a uma espécie de meditação profunda. Respiração e olhos fechados, sempre. É preciso esvaziar a mente da paciente, levando-a para dentro dela, fazendo com que olhe apenas para dentro de si. Aqui é importante destacar que o terapeuta deve sempre acompanhar as pacientes nessa etapa extremamente relevante, não só como estímulo, mas também para o próprio terapeuta elevar seu nível de concentração sobre a paciente, de forma que possa senti-la melhor. Esta indução à meditação tem a função de acalmar a paciente, de esvaziar sua mente das externalidades negativas.

Conversa + respiração são fatores fundamentais para qualquer paciente e, nos casos de anorgasmia, determinarão a aderência ao todo. As expectativas, as ansiedades, as angústias e as externalidades devem ser controladas. Do contrário, as pacientes, fatalmente, vão querer ter o controle sobre os acontecimentos da massagem e isso não é bom, pois pode colocar todo trabalho por água abaixo, causando-lhes ainda mais frustrações.

 

Por Marcelo