Tudo é uma questão de visão

Um dos nossos principais sentidos é a visão. Sua importância é indiscutível. A discussão e a reflexão que quero trazer sobre a visão, este incrível poder de olhar e admirar as maravilhas da vida, refere-se à zona de conforto que nós mesmos nos colocamos.
 

Insistentemente, afirmo que não olhamos, ou pouco olhamos, para dentro de nós. Raríssimas são as pessoas que tentam essa prática e, mais raras ainda, as que conseguem. Nossos cérebros estão acostumados a enxergar o mundo, tudo e todos, mas não o nosso interior.

Olhar para fora é uma zona de conforto. Com isso, desenvolvemos uma parte muito pequena dos nossos outros 4 sentidos. Vejam por exemplo pessoas que não possuem a visão. Instintivamente, por uma questão de sobrevivência, elas desenvolvem todos os outros sentidos de uma forma incrível.

As pessoas que não possuem visão, passam a olhar para dentro de si, de uma forma muito intensa. Não estou propondo que as pessoas com visão vivam da mesma forma. Não é isso. Apenas estou criando um comparativo de que o fato de olhar para dentro pode nos desenvolver muito, indo inclusive além dos 4 sentidos.

A visão nos traz informações a todos instante e isso nos dá a sensação de que não temos tempo de olhar para dentro de nós. Com efeito, perdemos a capacidade de meditar, de dedicar mais tempo a nós mesmos.

Também não estou dizendo que devemos levar a vida meditando e olhando para dentro de nós. Acredito no equilíbrio. Sair, se divertir, pessoas, amigos, bons lugares, boas comidas, boas bebidas são coisas necessárias. Fazem bem para o corpo e para alma. Porém, precisamos de um momento a sós com nós mesmos. Um momento consciente em que estejamos acordados, olhando para o nosso âmago, buscando desenvolver nossos outros sentidos, buscando nossas autodescobertas, ampliando nossa consciência e autoconsciência, objetivando o autoconhecimento.

Fechar os olhos e respirar: precisamos somar essas duas práticas e meditar. Começar aos poucos, sem pressa, tendo paciência com nós mesmos. Muitos tentam e desistem, porque ao conseguem logo de cara. Tudo faz parte de processo e persistir é fundamental.

A massagem tântrica que trabalho prioriza muito a meditação da paciente, respeitando um pilar básico da terapia que é a respiração. Tudo começa a partir de uma grande e profunda tranquilidade, de um grande e profundo relaxamento. Tudo começa a partir do momento em que a paciente se vê totalmente capaz de se desligar do mundo, de tudo e de todos, passando a olhar para dentro de si. A paciente se vê capaz de meditar. Os toques sensoriais da terapia e o prazer consciente dão à paciente uma percepção diferente sobre si. Todo esse processo é feito com estímulos que fazem a paciente mergulhar ainda mais em seu interior. O prazer desses estímulos as levam mais ainda para dentro de si, mandando percepções, criando uma verdadeira reprogramação.

Mostrar a paciente que ela pode meditar, é algo incrível, que ela levará para a vida dela, para seu dia a dia. Conforme as sessões vão acontecendo, os níveis de dificuldades vão diminuindo e ela, aos poucos, começa a resgatar suas capacidade de meditação. Todos somos capazes de meditar e evoluir.

No fim, tudo é uma questão de visão. Você precisa decidir de que forma quer viver: partindo de dentro para fora, encarando o mundo a partir de si ou; partindo de fora para dentro, deixando o mundo lhe consumir.

Por Marcelo (Prem Prabhu)