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Sobre
o machismo
Postado em 07 de abril de 2017
Quando estamos
diante de um escândalo de assédio sexual, tal como o
denunciado recentemente por uma mulher que estava sendo
agredida por um famoso ator, todos começam a protestar,
reclamar, exigir o fim do machismo e demais comportamentos
podres que norteiam o tema.
Vivo este universo do Tantra há mais 16 anos, tendo
completado 14 como terapeuta, recentemente. Afirmo, com toda
segurança, que durante todos esses anos nada mudou. O
machismo continua o mesmo, talvez pior. A visão da mulher
objeto é a mesma. Nada está mudando e nada mudará tão cedo.
Não tive uma paciente sequer, até hoje, que tenha discordado
de mim quando afirmo que a sociedade é machista. Veja bem,
não são apenas os homens que alimentam o machismo. Muitas
mulheres também o alimentam, algumas chegando a
orgulharem-se disso. Todas as mulheres com as quais
conversei, ou atendi, concordaram que existem muitas
pressões e opressões sobre elas, em todos os sentidos, de
todas as partes, inclusive e principalmente, em relação às
suas sexualidades. Nenhuma nega este fato, isso porque,
simplesmente, é um fato e contra fatos não existem
argumentos.
Uma das coisas mais importantes que o Tantra fez desaparecer
de mim, foi o hábito de criar categorias de pessoas. O
Tantra foi um veneno muito eficaz contra qualquer tipo de
preconceito que eu carregava dentro de mim. O Tantra me fez
enxergar, entender e colocar em prática o respeito por toda
e qualquer pessoa, colocando todas no mesmo patamar, sem
diferenças. O Tantra me fez amar as pessoas naturalmente,
trazendo, a reboque, o respeito incondicional a toda e
qualquer pessoa. O Tantra foi libertador! Nascemos para a
liberdade e o Tantra é liberdade também!
O Tantra me mostrou que as mulheres não são simples objetos
de desejos, a partir do respeito natural que carrego pela
minha mãe. E eu respeito e admiro muito quem me colocou no
mundo, me deu a vida, me educou, me deu valores e forjou meu
caráter.
O machismo é corrosivo. Torna as mulheres infelizes,
inclusive aquelas que o alimentam. Diria que é um dos
maiores males da sociedade, porque tornam lares, famílias e
pessoas infelizes.
O machismo deve ser combatido no dia a dia, nas mínimas
coisas, nas mínimas situações e nos mínimos comportamentos.
Um escândalo chama atenção, mexe com as emoções
momentaneamente e depois tudo se acalma e volta ao normal. E
o normal é uma sociedade machista, lamentavelmente.
Teria centenas de histórias para contar, com base em relatos
de pacientes e mulheres com as quais conversei. De certo,
daria um livro.
O machismo não se resolverá apenas com reclamações,
protestos e leis que prevejam penalidades. Hoje o racismo é
crime e continua sendo uma realidade desgraçada.
O machismo será expurgado a partir do momento em que for
retirado da nossa criação, do nosso sistema de ensino, das
religiões e do seio das famílias. O machismo se resolverá
quando as mulheres forem criadas para serem livres de fato,
livres de amarras, aprendendo ignorar qualquer tipo de
preconceito e viverem suas vidas da forma que desejarem,
usando seus livres-arbítrios.
Eduquem para que filhos e filhas sejam livres. Só a
liberdade quebrará o machismo. Não coloquem amarras nas
crianças, não imponham tabus e paradigmas. Criem para que se
formem homens e mulheres conscientes, responsáveis e
totalmente livres. Não proíba e não provoque o medo. Ensine
apenas. É fundamental que mães façam parte da construção das
sexualidades, tanto das filhas, quanto dos filhos,
principalmente.
Por Marcelo (Prem Prabhu)
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