Aos homens: com quem está o problema?

Postado em 14 de abril de 2017

Por incontáveis vezes, atendi mulheres que carregavam profundos sentimentos de culpa por não chegarem ao orgasmo durante as relações com seus parceiros. Também, por incontáveis vezes, por meio de relatos, identifiquei que esses parceiros fizeram questão de colocar todas responsabilidades sobre as mulheres, em alguns casos, as acusando de frigidez. Para piorar, muitas começaram a acreditar que carregavam problemas sexuais, com desdobramentos devastadores sobre suas vidas, vez que isso atinge diretamente suas autoestimas.

 



Todas as mulheres que atendi com esse tipo de questão, por incrível que pareça, conseguiram ter excelentes aproveitamentos na terapia, transitando por absolutamente todas as sensações de prezar e emoções. No final da sessão, a pergunta que não quer calar: "o problema que você disse ter no início está com quem? Com você ou com seu parceiro?"

Não estou aqui querendo jogar uns contra o os outros. Pelo contrário, quero chamar atenção para o fato de que, nós homens, não somos educados para estimular nossas parceiras. Nossa educação sexual não contempla a compreensão sobre as mulheres é sobre nós mesmos.

Também tive grande parte desta educação desastrosa. Sei muito bem como eu me comportava e qual era exatamente minha visão de prazer, que visava apenas dar vazão ao meu lado macho, que tornava a falta de prazer de uma mulher algo inadmissível. Sequer conseguia enxergar que a responsabilidade em enorme parte era minha.

O Tantra mudou minha visão totalmente e me fez ter outra percepção sobre mim e sobre as mulheres. É óbvio que o Tantra é um caminho, mas, de certo, não é o único. Não seria fanático ao ponto afirmar que existe apenas um caminho.

O que falta a nós homens é interesse em nos conhecermos melhor e de adentramos ao universo das mulheres. Damos vazão ao nosso lado visual que só traz para nós a ideia de que quantidade é o mais importante. Hoje, 16 anos após conhecer o Tantra, noto que a coisa involuiu a passos largos. Vejo muitos homens vangloriando-se de que levaram mulheres para a cama, mas não os vejo comentar o nível de prazer que proporcionaram a elas, o que demonstra total falta de interesse no tema.

Não estou afirmando que nós homens estejamos totalmente errados. Mas, preciso admitir que a maior parte desses problemas está conosco sim. Nossa concepção de masculinidade e virilidade, dá vazão apenas ao nosso ego e isso contamina tudo.

Estamos na era da informação. Não estou pedindo que entrem no universo Tantra, tal como eu entrei, ao ponto de me tornar terapeuta. Estou pedindo que leiam mais sobre as mulheres, sobre o prazer feminino e sobre nosso próprio prazer. Tudo está atrelado. Uma dessas leituras pode sim ser o Tantra.

Nesse sentido, diria que o único risco que corremos é o de constatar que a quantidade de possibilidades de prazer com uma única mulher é bem maior e melhor do que ter mulheres em quantidade.

Para nós homens, dar prazer a uma mulher não pode ser considerado um dever, ou uma obrigação. Dar prazer deve ser um querer profundo e verdadeiro. Nós podemos mudar nossas percepções.

Antes de colocarmos culpas e responsabilidades sobre as mulheres, detonando suas autoestimas, façamos uma análise racional do tipo de comportamento que temos.

Este é mais texto que não visa admissões, mas sim, reflexões. O horizonte nos mostra possibilidades. Caberá a nós a escolha de sermos limitados, ou de expandirmos nossas mentes.

A dica que dou é a seguinte: nada é mais incrível para vida de um homem, do que ter ao seu lado uma mulher plena.

Precisamos fazer parte da solução!

 

Por Marcelo (Prem Prabhu)