A entrega na massagem tântrica

 

Outro dia, conversava eu com uma paciente, que me explicou como funcionou dentro dela o processo que a levou decidir por experimentar a massagem tântrica. A conversa foi após a primeira sessão. Achei que seria interessante compartilhar isto com vocês.

 



Ela disse que, assim que teve os primeiros contatos com as informações sobre a massagem na internet, algo a chamou, mas, ao mesmo tempo, a primeira coisa que veio na cabeça dela foi o receio da escolha do profissional, pois não queria correr riscos de se deparar com pessoas que trabalhassem com prostituição, pois o foco dela era realmente a terapia. Afirmou quem assim que me conheceu, aos poucos, durante as conversas e explicações, foi criando confiança e que o receio passou a ser outro. Disse algo que chamou muito minha atenção, porque ela estava certíssima em suas colocações, principalmente em relações à maioria das mulheres:

Ela mencionou que nunca teve problemas, por exemplo, em ter relações com homens em um primeiro encontro, que se sentia super livre para tal, mas que, em relação à massagem, sentia que o nível de entrega seria maior, se comparado com a relação sexual e que isto passou a pesar; passou a gerar certo frio na barriga. Até experimentar a massagem, ela não entendia aquilo muito bem. O conflito que se formava era: se eu não tenho problemas em me relacionar com homens no primeiro encontro, por que estou tão receosa em experimentar a massagem, se sei que sequer terei relações com o terapeuta? Chegou até a comparar o fato de ter conversado muito mais comigo, do que com homens com os quais já tinha se relacionado.

Eu afirmei que o conflito criado é muito comum e que, realmente, em relação às mulheres, o nível de entrega à massagem tântrica é muito maior, se comparada a uma relação convencional. Mas, não é o nível de entrega em relação à massagem, ou às mãos do terapeuta. A Entrega que falo é em relação à própria paciente. A entrega dela para ela mesma. Isso não ocorre em uma relação convencional, pois somos condicionados a focar muito na outra pessoa, esquecendo-se de nós. Não que não devemos ter atenção à outra pessoa, não é isso. Mas, temos que prestar atenção também em nós.

Lendo as explicações, conversando com o terapeuta, fica nítido para a paciente, que a entrega aquele momento será enorme, pois há, realmente, confrontos com os diversos paradigmas que nos são impostos ao longo da vida. Mas, não são apenas os paradigmas de sexualidade. São os paradigmas do olhar para dentro, de se conhecer, de se descobrir e de se priorizar. A quebra desses paradigmas pode sim trazer a sensação de culpas, pois, pelo que já vi e vivi, as mudanças de perspectivas causadas pela massagem deixam para trás muitas coisas nas vidas das pacientes, principalmente, coisas que as atrapalham e que, culturalmente, não sabemos viver sem. Uma delas é a libertação das amarras historicamente colocadas nas mulheres.

De cara, a nudez física causa certo receio, Porém, o que realmente ocorre é o receio da nudez da alma, da totalidade da nudez que a massagem tântrica provoca. As roupas que e as peças mais intimas que envolvem a alma também são retiradas. Quem já experimentou a massagem tântrica e continuou sabe que a forma de se enxergar muda muito. Passamos a nos admirar mais, a ter mais amor próprio. Passamos a nos aceitar; passamos a ser mais autênticos com nós mesmos. Passamos a nos sentir mais elevados. A autoestima se eleva. A alegria e a felicidade nos contagiam. Ou seja, expandimos nossas autoconsciências e começamos a entrar no maravilhoso caminho do autoconhecimento. Entramos em um processo de reprogramação. Criamos um ambiente totalmente novo para nós.

Por Marcelo (Prem Prabhu)